segunda-feira, 8 de outubro de 2012


A volta
O mar, a areia macia e cálida. E sol. Aquele sol maravilhoso, quente, brilhante com o qual sonham os que não moram na praia.
Tinha viajado da montanha  para uma cidade praiana em férias. Era a primeira vez que fazia essa viagem. Só sabia da existência do mar por ouvir falar. Achou-o ainda mais fantástico do que as descrições que ouvira.
Férias acabam e tinha que voltar para a casinha acanhada na roça, ladeado por altas montanhas, que tinham também sua beleza, mas, que de tanto as ver, não as enxergava mais.
A praia ficaria para sempre em sua memória; o marinheiro bonitão, também. Tivera com ele um romance passageiro, desses de ferais de verão.
Com a volta, esperava-a a rotina diária _um tanto chata, mas que lhe propiciava o pão e alguma tranquilidade: saber o que fazer sem ter que para isso pensar e planejar cada passo  todos os dias.
Voltava para a vidinha acanhada, porém segura.
Com quase trinta anos, já, a esperança de se casar se fora. Dos moços da cidadezinha, nenhum se casaria com alguém da sua idade. Aliás, também nenhum lhe causava interesse. Todos, até o filho do fazendeiro mais rico da região, eram semianalfabetos.
Como seria viver casada com esse tipo de gente?
Ah!  Aquele marinheiro!Conhecia países, idiomas
Como seria bom que seu navio não tivesse partido!
Enfim, voltava.
E recebia na cara um choque de realidade.