segunda-feira, 8 de outubro de 2012


A volta
O mar, a areia macia e cálida. E sol. Aquele sol maravilhoso, quente, brilhante com o qual sonham os que não moram na praia.
Tinha viajado da montanha  para uma cidade praiana em férias. Era a primeira vez que fazia essa viagem. Só sabia da existência do mar por ouvir falar. Achou-o ainda mais fantástico do que as descrições que ouvira.
Férias acabam e tinha que voltar para a casinha acanhada na roça, ladeado por altas montanhas, que tinham também sua beleza, mas, que de tanto as ver, não as enxergava mais.
A praia ficaria para sempre em sua memória; o marinheiro bonitão, também. Tivera com ele um romance passageiro, desses de ferais de verão.
Com a volta, esperava-a a rotina diária _um tanto chata, mas que lhe propiciava o pão e alguma tranquilidade: saber o que fazer sem ter que para isso pensar e planejar cada passo  todos os dias.
Voltava para a vidinha acanhada, porém segura.
Com quase trinta anos, já, a esperança de se casar se fora. Dos moços da cidadezinha, nenhum se casaria com alguém da sua idade. Aliás, também nenhum lhe causava interesse. Todos, até o filho do fazendeiro mais rico da região, eram semianalfabetos.
Como seria viver casada com esse tipo de gente?
Ah!  Aquele marinheiro!Conhecia países, idiomas
Como seria bom que seu navio não tivesse partido!
Enfim, voltava.
E recebia na cara um choque de realidade.


segunda-feira, 19 de março de 2012

Pequena reflexão sobre nomes próprios

 Pequena reflexão sobre nomes próprios

O nome é a nossa identidade. E, acredito, o nome traz um fado.  Há pessoas cujo nome não combina com sua personalidade; parecem ter sido nomeadas por engano, algo assim como se a mãe estivesse esperando um filho varão e (isso antes do advento da ultra-sonografia)  lhe nascesse uma menina, e na surpresa escolhesse o nome de última hora.
Porque são escolhidos certos nomes?
Todo mundo conhece alguma mulher chamada “Aurora”. Alguém conhece alguma chamada “Tarde”, ou “Noite”?  Ou algum homem chamado “Ocaso”, ou “Alvorecer”?
E quanto aos nomes de flores?  Há mulheres por nome Rosa, Margarida, Hortênsia...
Algum homem chamado Cravo, Gladíolo, Girassol? Até agora a única flor que encontrei, nomeando um homem, foi Lírio.
Põem-se às vezes nomes de países em pessoas: já conheci uma Itália e uma Argentina com certeza, mas nenhuma Noruega, nem Finlândia. Muito menos Dinamarca. 
Homens por nome Portugal, Líbano, Japão, -  nem pensar.
Há algumas mulheres banhadas em metal: Argentina, Áurea. .– Férrea, não conheço... Nem Plúmbea.
Há homens gerúndios: Armando, Orlando.  Conheço até um feminino do gerúndio: Florinda...
Há as Marias. Disso e Daquilo: se há Maria da Conceição, porque não há Maria do Parto, e se há Maria do Céu, porque não Maria da Terra?
Conhecem-se mulheres de nome Natalina, e homens com o nome de Natal, Pascoal; sim, existem, mas não homens ou mulheres de nome Pentecostal, por exemplo.
 Será pelo fato de algumas festas religiosas serem mais cotadas que outras? E há, claro, aqueles pais que olham na “Folhinha” para dar ao filho o nome do santo do dia. Em virtude disso, conheci certa vez uma jovem, que por ter nascido em 1º de janeiro, foi batizada: Almerinda Circuncisão...(detalhe: ela suprimiu Circuncisão, não porque soubesse o significado, mas porque achava feio).
Mulheres às vezes se chamam Celeste, mas, jamais Agreste,  ou Terrestre
Há-as Marinas, mas não Fluviais.
Sobrenomes O sobrenome é algo mais ou menos recente na História da humanidade. Quando ainda não havia tanta gente, as pessoas eram identificadas pelo lugar de onde vinham, pela sua profissão, ou por alguma característica física. Por alguma razão alguns sobrenomes derivam de plantas ou acidentes geográficos, e aqui também são escolhidos uns, mas não outros:
Pereira, Limoeiro, Limeira, Nogueira, Figueira, Cajazeira, Castanheiro, Laranjeiras, (esse é o único que conheço no plural). Nunca ouvi dizer de alguém que tivesse por nome de família Abacaxizeiro, Aboboreira...
Engraçado. Acabei de notar que a maioria dos sobrenomes brasileiros provém de arvores frutíferas., As exceções ficam para Carvalho e Pinheiro.
Pedreira, Ribeiro, (riacho não é muito cotado), Montes, - por alguma razão, um monte não basta, tem que ser vários.- E, sim, não conheço ninguém cujo sobrenome seja Praia. Ou Brejo.
Estrada é bastante usado; mas não Viela.
Ou Beco.
Acho que estradas têm mais importância... Afinal, levam a algum lugar.
Adendo:
Quando mencionei os sobrenomes, não lembrei de outra curiosidade: Conheço pessoas cujo sobrenome é Pinto ou Galo. Frango, por alguma razão incógnita e não sabida, não é usado.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

nosso tempo

nosso tempo
Parece ser uma lei da Natureza: Tudo o que nasce, cresce e depois morre. —seja planta, gente ou civilizações, eras.
Como a Era de Peixes, que teve seu início com o advento do Cristo, está no fim, porque, (segundo os estudiosos cada era tem cerca de 2000 anos), estamos entrando na Era de Aquários. Vivemos, pois, um período de transição, no qual o que era está se desfazendo e o que virá ainda não se formou. É, pois, um período de indefinições. O Homem, tendo perdido o contato consigo mesmo, não sabe mais quem ele é. Os valores verdadeiros foram subvertidos: O exotérico sufocou o esotérico. Defrontamo_nos com o fim de algo conhecido e o desconhecido é aterrador para o ser humano.Não temos mais um chão firme para pisar, e não encontrando suas bases, o homem começa a buscar soluções mágicas, seja nas religiões ou nas ciências —abertas ou ocultas, não importa—o fato é que estamos buscando fora de nós o que só pode ser encontrado dentro. Estamos percorrendo o caminho oposto ao que deveríamos percorrer, porque só dentro de nós encontraremos a nós mesmos e então, sim, partir para fora, para através da conduta correta, tentar construir o mundo vindouro sobre bases sólidas.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Fragilidade

Um dos grandes defeitos do nosso mundo é a fragilidade da vontade.
Parece que as pessoas estão vacinadas contra todo o género de esforço, enquanto o prazer, a comodidade, os caprichos e a superficialidade constituem a lei.

Tudo nos leva a crer que a força de vontade _ a fortaleza _ cada vez escasseia mais.

Quando há um problema conjugal, o mais fácil é destruir o casamento. O divórcio apresenta_se como uma solução muito prática e atractiva. As crianças e os jovens fogem de qualquer esforço. O prazer sexual é agora a coisa mais importante para muitas pessoas.

Porquê tanta debilidade? Por que razão temos tanto medo do esforço?
Como é uma pessoa que vive a virtude da fortaleza?

Considera_se que uma pessoa é forte _ que vive a virtude da fortaleza _ quando, em situações que podem atentar contra a sua própria pessoa, resiste às influências prejudiciais, suporta todas as dificuldades que encontra e se entrega com valentia para ultrapassar os obstáculos e empreender coisas grandes.

A virtude da fortaleza torna a vontade férrea, de aço, inflexível perante as dificuldades, os desânimos e os problemas, pequenos ou grandes, da vida de todos os dias.
A vontade enche_se de valentia para acometer, para se lançar sobre o inimigo.
Resistir às dificuldades
Dizíamos que uma pessoa que vive esta virtude, em primeiro lugar, resiste às influências prejudiciais, suporta as dificuldades que encontra.

Esta é a primeira faceta da virtude: resistir às dificuldades, suportar as incomodidades. Quantas pessoas há que não são capazes de suportar nem o mais pequeno incómodo? Quantas haverá que não resistem às influências que lhes fazem dano? Por que sucede isto? Simplesmente porque não cultivaram em si mesmas a Fortaleza de espírito.

A vontade, enfraquecida, cede facilmente perante as dificuldades, por mais pequenas que sejam.

Quem não está habituado ao esforço dificilmente poderá resistir às dificuldades da vida.

Que nos propõe o mundo de hoje no que respeita às dificuldades, por exemplo, no casamento?

Basta vermos alguns filme ou telenovelas para observarmos que, perante as dificuldades próprias de um casamento, a solução mais fácil e cómoda é destrui_lo. Ir com outra pessoa. Esquecer e recusar o compromisso que se contraiu livremente.

Por que acontece isto? Pela debilidade da vontade, pela pobreza da vivência da fortaleza nas pessoas.

Para resistir ao embate das ondas é preciso ser forte. Para resistir às dores provocadas por uma doença é preciso ser forte. Para resistir ante as alterações de humor, de estado de ânimo, é preciso ser forte.

Quantas vezes voce se deixa levar pelo mau humor? Quantas vezes voce perde o controle pessoal por falta de fortaleza? De que maneira voce fere os outros por não saber ser suficientemente forte para dominar a si mesmo? Quantas vezes não teve a coragem de se responsabilizar pelas consequências das tuas decisões? Quantas...?

A virtude da fortaleza no seu aspecto de resistir não se dá gratuitamente. É necessário ir formando essa virtude, dia após dia, de preferência desde pequenos.

Começa hoje mesmo, dominando_te em pequenas coisas que exijam um esforço: levantar imediatamente da cama, arrumar bem as tuas coisas, privar_te de algum gosto superficial, ser paciente com os teus filhos, dar gosto ao teu cônjuge, não deixar as coisas fora do seu lugar.

Enfim... um sem número de coisas pequenas que hão_de construir em ti, pouco a pouco, a virtude da fortaleza, como sucede com aquele pedreiro que, tijolo a tijolo, constrói uma bela casa.

Cansaços, esforços e constância darão como fruto a vivência da virtude. Recordemos que, humanamente, a pessoa que quer ser madura, e cumprir o seu fim natural de crescer como tal, tem, necessariamente, de ser dona de si mesma: dona das suas decisões, senhora das suas inclinações e instintos.

A criança procura sempre satisfazer os seus caprichos porque ainda não formou a virtude da fortaleza.
Mas... um adulto? Um adulto pode ser escravo da sua preguiça, das suas iras, dos seus maus humores? Se não possuir uma fortaleza pessoal que resista a estas dificuldades, nunca chegará a ser verdadeiramente adulto.

Resistir: o grande desafio do homem perante as dificuldades. Dificuldades internas, que lhe vêm a partir de dentro devido ao egoísmo, por se amar a si mesmo. Dificuldades externas, que a vida nos apresenta todos os dias: encontrar o sustento, conservar aquilo que se tem, estudar, melhorar...

Se quiser que os teus filhos triunfem na vida, que permaneçam sempre fiéis a que resistam às dificuldades das suas próprias vidas, ajuda_os a exercitarem_se diariamente na formação da virtude da fortaleza na sua primeira forma: RESISTIR.

Atacar os obstáculos

Muitas vezes pensamos que a fortaleza se limita a suportar as dificuldades que se nos apresentam. No entanto, ela é importante para nos entregarmos com valentia e ultrapassarmos os obstáculos que nos impedem o caminho, lançando_nos a ações e empreendimentos grandiosos.

A preguiça... é necessário vencê_la com esforço, com entusiasmo, com decisão. Conseguir uma coisa melhor para a casa, sem dúvida que custa esforço. Apenas a pessoa forte será capaz de o alcançar. O esforço é a sua medida. Não chega suportar as dificuldades: é preciso atacar com decisão e valentia essas contrariedades. Quantas horas e horas de esforço são precisas para ensinar alguma coisa aos filhos? Quanta paciência é necessária para construir essa casa em pedra? Quantos anos é preciso dedicar para concluir os estudos? A pessoa forte, aquela que sabe acometer essas dificuldades, será vitorioso. Aquele que se decidir a remar na sua lancha para atravessar o mar precisará de muita força e de muita constância para chegar a um porto seguro.
Para nos formarmos na fortaleza, é preciso que nos esforcemos com valentia. Para conseguir que a tua família seja uma autêntica família, não basta resistir às dificuldades: terá de enfrentar com elas, agarrar o touro pelos cornos e por_te a trabalhar para que o teu lar melhore todos os dias.

Quem se esforçar formará em si mesmo a virtude da fortaleza.

As grandes batalhas ganham_se lutando. Aquele que se sentasse a contemplar nunca poderia vencer. Aquele que quiser ser melhor terá de se esforçar para o ser.

O jovem que quiser obter uma boa nota na escola terá de se esforçar. O marido que quiser amar a esposa terá de se esforçar para lhe dar o melhor. A esposa que quiser amar o marido procurará, da mesma forma, tudo aquilo que o torne feliz.
Quem quiser educar os seus filhos precisará de grandes e constantes esforços, para que eles, ao longo dos anos, se formem como verdadeiras pessoas,


Cuida de ti mesmo quando vierem a impaciência e o mau humor. Vence_te!
Esforça_te.

Cuida da tua fé, Sê forte. Resiste. Não te deixes vencer.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Promessas

Promessas
No deveramos jamais fazer promessas, exceto as cumpríveis.
Podemos prometer tentar cumprir metas. E só.
Homens e mulheres no calor da paixão, prometem fazer o outro (a) o ser mais feliz do mundo.
1) Existe, por acaso, medidor de felicidade?
2) Esse alguém percorreria o mundo todo para comprovar o tamanho da felicidade do seu companheiro (a)?
O outro aspecto que ninguém faz ninguém feliz. A felicidade algo pessoal e não doável.
O que podemos propiciar ao outro são gentilezas, mimos, presentes, que lhe darão contentamento, mas não felicidade.
Quando contentamos a algum, nos sentimos felizes, porque é na doação de si mesmo que o ser humano encontra a felicidade, portanto a única pessoa a quem alguém pode proporcionar felicidade é a si mesmo.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Seja um idiota

Seja um idiota

Arnaldo Jabor

A idiotice é vital para a felicidade. Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz
A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins.
No dia_a_dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse.
Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.
Milhares de casamentos acabaram_se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto. [~;
Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo, soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?
Ha ha ha ha ha ha ha ha!
Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?
É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar?
Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer?
Espero que não.
Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa. Dura, densa, e bem ruim.
Brincar é legal. Entendeu?
Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço, não tomar chuva.
Pule corda! Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.
Ser adulto não é perder os prazeres da vida _ e esse é o único "não" realmente aceitável. Teste a teoria.
Uma semaninha, para começar. Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são: passageiras.
Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...
Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!
Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?
"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios". "Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche".