domingo, 31 de outubro de 2010

Consciência R.

Consciência R.

Hoje, quando já estamos no limiar do século XXI, e deveríamos estar civilizados, se olharmos de perto, veremos que ainda vivemos em cavernas, por mais que elas hoje tenham trinta andares. Ainda cobrimos nossa nudez com peles de animais. Sintéticas. Mas, embora não precisemos mais caçar a carne nossa de cada dia, e a agricultura esteja suficientemente desenvolvida para haver comida  suficiente para alimentar a  todos os seres humanos, comportamo-nos exatamente como se comportava o Homem de Neanderthal, num tempo em que era preciso comer muito quando se conseguia encontrar comida, pois, não havendo congeladores e nem conservantes àquela época, o único meio de armazenamento era a própria ingestão dos alimentos. Hoje,  mesmo levando-se em conta que há, no planeta, algumas regiões geladas, outras, áridas ou alagadas, se o Homem fosse consciente, se não houvesse tanto desperdício, se alguns não considerassem que ser feliz é possuir o carro do ano, diamantes, e outros acessórios que tais, certamente a nossa consciência R (de réptil,; do réptil do qual descendemos) não emergeria com tanto vigor, fazendo-nos comportarmo-nos como se estivéssemos o tempo todo a beira de alguma catástrofe que nos conduzirá irremediavelmente à miséria e à fome.

sábado, 30 de outubro de 2010

 Pequena reflexão sobre nomes próprios

O nome é a nossa identidade. E, acredito, o nome traz um fado.  Há pessoas cujo nome não combina com sua personalidade; parecem ter sido nomeadas por engano, algo assim como se a mãe estivesse esperando um filho varão e (isso antes do advento da ultra-sonografia)  lhe nascesse uma menina, e na surpresa escolhesse o nome de última hora.
Porque são escolhidos certos nomes?
Todo mundo conhece alguma mulher chamada “Aurora”. Alguém conhece alguma chamada “Tarde”, ou “Noite”?  Ou algum homem chamado “Ocaso”, ou “Alvorecer”?
E quanto aos nomes de flores?  Há mulheres por nome Rosa, Margarida, Hortênsia...
Algum homem chamado Cravo, Gladíolo, Girassol? Até agora a única flor que encontrei, nomeando um homem, foi Lírio.
Põem-se às vezes nomes de países em pessoas: já conheci uma Itália e uma Argentina com certeza, mas nenhuma Noruega, nem Finlândia. Muito menos Dinamarca. 
Homens por nome Portugal, Líbano, Japão, -  nem pensar.
Há algumas mulheres banhadas em metal: Argentina, Áurea. .– Férrea, não conheço... Nem Plúmbea.
Há homens gerúndios: Armando, Orlando.  Conheço até um feminino do gerúndio: Florinda...
Há as Marias. Disso e Daquilo: se há Maria da Conceição, porque não há Maria do Parto, e se há Maria do Céu, porque não Maria da Terra?
Conhecem-se mulheres de nome Natalina, e homens com o nome de Natal, Pascoal; sim, existem, mas não homens ou mulheres de nome Pentecostal, por exemplo.
 Será pelo fato de algumas festas religiosas serem mais cotadas que outras? E há, claro, aqueles pais que olham na “Folhinha” para dar ao filho o nome do santo do dia. Em virtude disso, conheci certa vez uma jovem, que por ter nascido em 1º de janeiro, foi batizada: Almerinda Circuncisão...(detalhe: ela suprimiu Circuncisão, não porque soubesse o significado, mas porque achava feio).
Mulheres às vezes se chamam Celeste, mas, jamais Agreste,  ou Terrestre
Há-as Marinas, mas não Fluviais.
Sobrenomes O sobrenome é algo mais ou menos recente na História da humanidade. Quando ainda não havia tanta gente, as pessoas eram identificadas pelo lugar de onde vinham, pela sua profissão, ou por alguma característica física. Por alguma razão alguns sobrenomes derivam de plantas ou acidentes geográficos, e aqui também são escolhidos uns, mas não outros:
Pereira, Limoeiro, Limeira, Nogueira, Figueira, Cajazeira, Castanheiro, Laranjeiras, (esse é o único que conheço no plural). Nunca ouvi dizer de alguém que tivesse por nome de família Abacaxizeiro, Aboboreira...
Engraçado. Acabei de notar que a maioria dos sobrenomes brasileiros provém de arvores frutíferas., As exceções ficam para Carvalho e Pinheiro.
Pedreira, Ribeiro, (riacho não é muito cotado), Montes, - por alguma razão, um monte não basta, tem que ser vários.- E, sim, não conheço ninguém cujo sobrenome seja Praia. Ou Brejo.
Estrada é bastante usado; mas não Viela.
Ou Beco.
Acho que estradas têm mais importância... Afinal, levam a algum lugar.
Adendo:
Quando mencionei os sobrenomes, não lembrei de outra curiosidade: Conheço pessoas cujo sobrenome é Pinto ou Galo. Frango, por alguma razão incógnita e não sabida, não é usado.

Arte e sensibilidade

Quando eu tinha doze anos, tinha vergonha de dizer que gostava de samba, de música brasileira em geral, porque naquela época, só aos malandros, moradores de cortiços, (não havia favelas, então), era permitido gostar de música popular. A uma pessoa de boa família só se lhe permitia gostar de música clássica, norte-americana, valsas vienenses. (algumas canções brasileiras antigas; -acho que as de Carlos Gomes, eram admitidas)...
Aí eu cresci.
Hoje sei que não devemos nos fechar para nada. É sempre bom examinar primeiro os motivos que levam a sociedade a determinados tipos de comportamento.
E manter abertas as portas da percepção e da sensibilidade. Se nos fechamos, é incalculável o que perdemos em beleza.
Em artes plásticas é a mesma coisa. A obra de arte deve ser olhada individualmente e não dentro de uma escola ou movimento. Encontramos beleza tanto no Renascimento quando no Contemporâneo.
Algumas formas de arte requerem como que um engajamento: é preciso, às vezes reportar-se ao período da História em que foram criadas e aí entra um ato de vontade, para olhar e ver. (às vezes olhamos sem ver) A música, que é a meu ver a mais insidiosa das artes, praticamente não necessita desse ato de vontade. Ouve-se quer se queira ou não. Já a literatura, essa sim; depende totalmente do interesse, de uma pré-disposição para sua apreciação: Um leitor precisa sentar-se, pegar o livro, abri-lo e LER.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010


Considerações sobre a Criação
Pergunto-me se quem escreveu a História Sagrada não pintou um deus demasiado severo para com a sua criatura.
Segundo as Escrituras, Deus proibiu ao homem provar da Árvore do Conhecimento, e, tendo o homem desobedecido, Deus castigou-o condenando-o, e aos seus descendentes à morte, pois até então o homem seria imortal. Teria Deus advertido o homem da extrema gravidade dessa desobediência? Nós, pais humanos e falíveis que somos não castigamos tão severamente aos nossos filhos no primeiro deslize. Ou será que o escritor confundiu Vida com vida? Digo: a Vida, que para o nosso conceito de tempo, que é limitado, é eterna, com a vida nossa de cada dia, que é finita, até para que a Vida se renove e seja eterna.
O conceito de Eternidade é vasto demais para o nosso entendimento. Isso nos confunde e assusta. Assim como nos assusta o Universo se tentarmos pensá-lo. Cientistas fazem elucubrações sobre o seu Inicio. Elucubrações essas que para o meu parco entendimento, são cada vez mais fantasiosas e improváveis. Uma delas diz que o universo é finito; seria algo como uma enorme bolha. Mas, se for uma bolha, tem que haver algo do lado de fora. Se estiver em expansão, tem que haver muito espaço para expandir-se algo que já de si é tão imenso. Pensar o Infinito produz em mim uma espécie de tontura. É grande demais para mim tentar ponderar o imponderável..

quinta-feira, 28 de outubro de 2010


Depois que os cientistas dividiram o átomo, que era considerado “indivisível” por ser a menor partícula encontrada ate então; depois  que disseram que o tempo não é linear, pois parece que presente, passado e futuro são conceitos inventados pelo homem, para conseguir manter-se  em razoável estado de sanidade mental; agora que  a velhice, que é decorrência normal  da vida de todo o ser vivo, está sendo empurrada para cada vez mais longe (acho que para debaixo do tapete, seria a expressão mais adequada), e a ciência está indo cada vez mais fundo em suas perguntas, ─ porque tudo o que se consegue são mais perguntas ─, e que há cada vez mais teorias sobre o Universo, cada vez mais divisões nos conceitos religiosos, em que devemos crer? Será que encontraremos algum dia a resposta para a Grande Pergunta? Saberemos de onde viemos e o que estamos fazendo aqui? E porque? Ou para quê?
É curioso que sendo eu uma pessoa não ligada à religião, esta me ocupe tanto a cabeça. Não sei se pelo fato de não ter respostas para as perguntas primordiais o Homem tem necessidade de Crer. A julgar pelas pesquisas arqueológicas, sempre foi assim. As mais importantes obras construídas em todas as civilizações antigas foram sempre para glorificar alguma divindade. Se à Grande Mãe ou a Jeová, não importa, pois como o acaso da combinação dos elementos propiciou ao ser humano a capacidade de imaginar, ele imagina. Daí a grande variedade de elucubrações sobre o Desconhecido.



Capitalismo


Chamado habitualmente capitalismo selvagem, é inculpado pela extremamente perversa distribuição de renda. Tratado como se fora uma entidade, diz-se dele que é um sistema injusto etc; Será que nenhum desses comentaristas se deu conta de que o capitalismo per se não é quem promove a má distribuição de renda? Ninguém se lembrou de que o egoísmo e a ganância é que são, de fato, responsáveis pelas chamadas injustiças sociais?