sábado, 30 de outubro de 2010


Arte e sensibilidade

Quando eu tinha doze anos, tinha vergonha de dizer que gostava de samba, de música brasileira em geral, porque naquela época, só aos malandros, moradores de cortiços, (não havia favelas, então), era permitido gostar de música popular. A uma pessoa de boa família só se lhe permitia gostar de música clássica, norte-americana, valsas vienenses. (algumas canções brasileiras antigas; -acho que as de Carlos Gomes, eram admitidas)...
Aí eu cresci.
Hoje sei que não devemos nos fechar para nada. É sempre bom examinar primeiro os motivos que levam a sociedade a determinados tipos de comportamento.
E manter abertas as portas da percepção e da sensibilidade. Se nos fechamos, é incalculável o que perdemos em beleza.
Em artes plásticas é a mesma coisa. A obra de arte deve ser olhada individualmente e não dentro de uma escola ou movimento. Encontramos beleza tanto no Renascimento quando no Contemporâneo.
Algumas formas de arte requerem como que um engajamento: é preciso, às vezes reportar-se ao período da História em que foram criadas e aí entra um ato de vontade, para olhar e ver. (às vezes olhamos sem ver) A música, que é a meu ver a mais insidiosa das artes, praticamente não necessita desse ato de vontade. Ouve-se quer se queira ou não. Já a literatura, essa sim; depende totalmente do interesse, de uma pré-disposição para sua apreciação: Um leitor precisa sentar-se, pegar o livro, abri-lo e LER.

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