sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sobre o diferente

Sobre o diferente

Todos somos mais ou menos iguais, com pequenas diferenças externas, como a cor dos olhos, do cabelo; somos gordos, somos magros; altos, baixos. Mas, no geral, com duas pernas, dois braços, uma cabeça (felizmente, porque se tivéssemos mais de uma, haveria mais espaço para elucubrações inúteis). Somos diferentes também por dentro. Mas isso só nos incomoda quando o contato é mais íntimo, pois essas diferenças não são visíveis a olho nu, porém, quando nos deparamos com o MAIS diferente, isso nos assusta muito. Não há, no mundo, uma só mãe que, ao ver uma criança com Síndrome de Down, não pense: “Imagine se fosse meu filho”. Isso quando não nos assaltam pensamentos maldosos, como, por exemplo, ”Que grande pecado devem ter cometido os pais dessa criança, para merecer tão grande castigo”ou “Esse casal deve ter praticado todas as aberrações possíveis no âmbito sexual, para gerar um filho assim” E outros pensamentos desse tipo..
E qual é o grande receio que temos? Que a mal-formação seja contagiosa? Que, se tivermos contato com uma pessoa defeituosa, amanheceremos no dia seguinte sofrendo do mesmo mal? Penso que esse receio nos leva a refletir sobre a nossa própria fragilidade; e isso sim, nos assusta. Olhar para dentro nos faz ver que não somos poderosos. Que pode sobrevir uma tempestade e fazer ruir a nossa casa. Que n também não é tão sólida. Como também não é sólido o chão que pisamos.Temos medo de que a Verdade nos tire o chão.
Lembremo-nos, pois, que qualquer mal-formação é de ordem genética, portanto não contagiosa.E lembremos, principalmente, de que a Chama Interna não brilha apenas no interior dos assim chamados “perfeitos”.. A Chama Interna brilha em todo ser humano, que tem direito a essa luz por nascimento. Se admitimos que o animal e a planta têm dentro de si os estados de Buda, somente o medo  do que é diferente nos leva a rejeitar esses seres.
Meditemos sobre isso e acolhamos àqueles que tanto nos intimidam. O problema não está neles, mas em nós.

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