terça-feira, 26 de abril de 2011

Soneto available

 
 
 
 
Soneto available
Agora o português se expressa assim:
Furgão é" van", adolescente é ‘teen",
Pleiofe, teste drive, fastifude
A gang, o drogadito, o drime time,
É nice, é uma overdose, é verigude.
Ninguém consegue mais falar direito.
"Eu vou estar fazendo" é o que se diz
Um dia, a idéia tem, feliz,
De traduzir "straight" por "estreito"
Até que um dicionário nos ajude;
até que a poesia arrume e rime
e que um brazilianista entenda e estude.
Portanto, jovem, faz favor de,enfim,
"disponibilizar" teu pé pra mim.
 
Glauco Matoso

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Fitness


Fitness

Persegue-se, hoje, a “qualidade de vida” com um empenho tal, porque a mídia nos diz que devemos fazê-lo, como se não fossemos morrer jamais. E para sermos lindos e bem-sucedidos na vida, temos que ter a estatura certa, à qual, evidentemente, deve corresponder o peso exato;  a cor de pele; olhos e cabelos também devem adequar-se umas às outras.Para conseguir tudo isso, necessita-se tomar hormônios e vitaminas, fazer exercícios físicos (caminhar, malhar, etc); fazer rigorosos regimes alimentares, cirurgia plástica, etc, etc. Caso não façamos todas essas coisas, para nos adequarmos ao padrão estético imposto pelos modernos conceitos de saúde e beleza, seremos excluídos da sociedade.
Além de lindos, temos obrigatoriamente, que ser felizes. E a qualquer preço. Não mais nos são exigidos certos “sacrifícios”, tais como abnegação, paciência, tolerância, fidelidade.... Tudo o que há quarenta anos era considerado virtude, hoje é considerado “careta”. A mídia nos diz que, em nome de nossa individualidade, só devemos nos preocupar conosco mesmos, E é claro, ficamos enfurecidos quando o outro não se incomoda conosco. Seguindo nesse passo, seremos, no futuro, como estatuetas de bisquí, lindas, perfeitas... e ocas¨. É primordial que sejamos ocos, para que os departamentos de propaganda disponham de espaço suficiente para rechear com o que quiserem, já que sua função é nos transformar em consumidores compulsivos, que comprem coisas, necessitemos delas ou não, para que haja recursos financeiros suficientes para fomentar a pesquisa cientifica na direção de afastar a dor e a velhice, e também os inconvenientes da gravidez e do parto, produzindo pessoas em laboratório. Penso que isso não demorará muito, afinal, a clonagem de animais. a inseminação artificial e a fertilização “in vitro”, já são práticas comuns hoje.
A humanidade (!?) caminha em largos passos em direção ao “Admirável Mundo Novo” (refiro-me ao romance, escrito por Aldous Huxley na década de trinta, e sujiro a leitura desse livro a quem ainda não leu, e uma releitura àqueles que já leram.

“Oh! Wonder!
How many goodly creatures are there here!
How beauteous mankind is!
Oh! New brave world,
That has such people in it”

             (A Tempestade, de W. Shakeaspeare)


domingo, 17 de abril de 2011

Da perversidade do Mercado

Da perversidade do Mercado

O mercado tem um aspecto extremamente perverso, e além de perverso desproporcional. Compra-se algo cujo preço varia entre, suponhamos, R$10,00 e R$60,00. Se fosse proporcional o de dez reais deveria durar um sexto do tempo que dura o de sessenta. Mas não é o que acontece. O de sessenta pode durar três anos enquanto que o de dez dura dois meses. Em assim sendo, quem tem menos dinheiro gasta mais do que quem tem mais.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Bem vinda

Bem vinda

O casal aguardava com tanta ansiedade um filho, que quando nasceu-lhes a menina,chamaram-na Benvinda. À medida que crescia, acentuavam-se-lhe a beleza e a graça. Desde muito nova comportava-se como uma mocinha:educada, gentil, prestativa. O único problema era a escola. Benvinda  parecia ter algo desencaixado em sua linda cabeça. Não aprendia. Castigo não lhe davam. –Como castigar uma criança tão boa?-
Professores particulares, um após outro,  desistiram. Tornou-se, depois de moça, a mais bela analfabeta que já aparecera por aquelas paragens. Seus pais davam festas, na tentativa de arranjar-lhe um casamento.
Benvida recebia as homenagens como um jardim recebe os raios de sol. Tudo aquilo lhe parecia muito natural; criada com muito zelo pelos pais, pouco sabia do mundo e apesar de encantadora e do vultoso dote oferecido pelos pais, custou muito a aparecer um candidato a noivo. Um belo dia apareceu na cidade um jovem forasteiro bem apessoado, bem falante, que não se importou com o fato de Benvinda ser analfabeta
.Tudo arranjado e combinado, casaram-se numa bela tarde de junho. Da festa, fala-se até hoje. Pouco tempo depois os pais de Benvinda morreram em um acidente e ela tornou-se uma mulher riquíssima. Alcides,-assim se chamava o marido, finalmente mostrou a que veio. Aproveitando-se da ingenuidade e do analfabetismo  da esposa. Sumiu no mundo levando tudo o que ela possuía..
Benvinda foi falar com a professora na escola local:
“Agora eu vou aprender. E vou cursar a Faculdade de direito. Devo isso a mim mesma”.


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Ganhos clandestinos

Ganhos clandestinos

Pelo andar notava-se que era um marinheiro.Aproximou-se da moça que caminhava sozinha pela orla da praia. Ela assustou-se, pois tinha o olhar perdido nas ondas e não notou a aproximação o rapaz.
Galanteador, dirigiu-lhe desta forma a palavra:
Onde estarão os homens desta cidade, que permitem que uma moça tão  bonita passeie sozinha?
A jovem miou-o de alto a baixo sem responder. Estava de mau humor. Brigara com a mãe, como sempre.Aquilo tinha que ter um fim. Mas, qual?
Tinha quase trinta anos. Ainda não se casara.Também não trabalhava para ganhar a sua independência. E o pai fora bem claro:
Enquanto estiver vivendo debaixo do meu teto e às minhas expensas, tem que respeitar as regras da casa: se sua mãe diz que tem que lavar a louça antes de  sair pra passear,  tem que lavar. E pronto!
Gislaine -era o seu nome- sonhava ainda encontrar um príncipe que a levaria a morar num castelo, n qual haveria criadagem suficiente até para lher dar comida na boca. Detestava  o bairro onde morava, a casa  humilde, as roupas simples  que os parcos recursos do pai lhe permitiam comprar. Não quis estudar. Achava que era muito sacrifício. Também não quis aprender o ofício de costureira que a mãe tentou lhe ensinar. Cozinhar tão pouco queria aprender. Seus sonhos eram, afinal, tão vazios quanto ela própria.
O marinheiro insistiu:
É tão orgulhosa que não responde a um cumprimento?
Desculpe! Respondeu. É que estava distraída...
—Além de linda tem uma bela voz!.
Bondade sua, respondeu um pouco encabulada.
Bondade, coisa nenhuma. , estou dizendo a verdade, completou o marinheiro, fazendo uma mesura.
O sujeito era um belo tipo, com sotaque estrangeiro.”Esse sujeito, pensou Gislaine, mas pode ser uma ponte”
O marinheiro, escolado por tantos portos que já visitara, por sua vez, pensava:
“Ela tem, de fato um belo rosto. E vê-se de longe que é simplória. E ambiciosa. É perfeita.
Sirvo em um navio americano. Se você quiser, posso levá-la para os Estados Unidos. Com esse rosto e essa voz  aposto que em pouco tempo alcançará o estrelato.
Notou o brilho de cobiça nos olhos da mulher.
“Pronto, pensou, mais uma”

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Crise de identidade

Nesta altura da vida já não sei mais quem sou... Vejam só que dilema!!!
Na ficha da loja sou CLIENTE, no restaurante FREGUÊS, quando alugo uma casa INQUILINO, na condução PASSAGEIRO, nos correios REMETENTE, no supermercado CONSUMIDOR.
Para a Receita Federal CONTRIBUINTE, se vendo algo importado CONTRABANDISTA. Se revendo algo, sou MUAMBEIRO, se o carnê tá com o prazo vencido INADIMPLENTE, se não pago imposto SONEGADOR. Para votar ELEITOR, mas em comícios MASSA , em viagens TURISTA , na rua caminhando PEDESTRE, se sou atropelado ACIDENTADO, no hospital PACIENTE. Nos jornais viro VÍTIMA, se compro um livro LEITOR, se ouço rádio OUVINTE. Para o Ibope ESPECTADOR, para apresentador de televisão TELESPECTADOR, no campo de futebol TORCEDOR.
Se sou rubronegro, SOFREDOR. Agora, já virei GALERA. (se trabalho na ANATEL , sou COLABORADOR ) e, quando morrer... uns dirão..... FINADO, outros .... DEFUNTO, para outros ... EXTINTO, para o povão ... PRESUNTO. Em certos círculos espiritualistas serei ... DESENCARNADO, evangélicos dirão que fui ...ARREBATADO.
E o pior de tudo é que para todo governante sou apenas um IMBECIL !!! E pensar que um dia já fui mais EU.

Luiz Fernando Veríssimo.

Eu, Etiqueta

Eu, Etiqueta
Drummond

Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome...estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
minhas meias falam de produto
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro
minha gravata e meu cinto e escova e pente
meu copo, minha xícara,
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes.
gritos visuais,
ordens de uso, abuso, reincidência,
costume, hábito, premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda
seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim mesmo
ser pensante, sentir-se solidário
com outros seres diversos e conscientes
de sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio,
Ora vulgar ora bizarro,





Em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer, principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou –vê lá – anúncio contratado,
Eu é que mimosamente pago
para anunciar, para vender
em bares festas praias pérgulas piscinas,
e bem à vista exibo esta etiqueta
global no corpo que desiste
de ser veste e sandália de uma essência,
tão viva, independente,
que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
minhas idiossincrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espelhavam
a cada gesto, a cada olhar,
cada vinco na roupa
resumia uma estética?
Hoje sou costurado, sou tecido,
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrina me tiram, recolocam,
Objeto pulsante, mas objeto
Que se oferece como signo de outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De não ser eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem
Meu novo nome é coisa
Eu sou a coisa, coisamente.



terça-feira, 5 de abril de 2011

Gostaria de usar um tempinho para falar a seu respeito. Como eu sei sobre você? Num nível elementar, você não é diferente de mim. Não me refiro às suas realizações ou ao seu potencial, ou às coisas pelas quais você já passou. Mas, como seres humanos – o que você é e eu também sou –, existe algo que nós temos em comum.
Eu estou vivo; você está vivo. Um alento pulsa em mim; um alento pulsa em você. Seu anseio é pela felicidade, independentemente dos meios pelos quais você a busca. Felicidade, alegria, paz – são suas aspirações, compõem também meus anseios. Portanto, falo a você nesse nível fundamental, não como perito, um pregador, nem mesmo como um professor, mas de um ser humano para outro.
Estamos em meio a um inacreditável tornado de mudanças. Tudo à nossa volta está num contínuo estado de mutação. Pensamentos, ideias, percepções mudam. E você muda – muda e muda – tudo isso enquanto tenta lutar contra as mudanças. Talvez em algum momento de sua vida, você chegue à seguinte conclusão: basta de combater as mudanças – deixe que venham.
No meio de todas essas mudanças, poderia haver algo que não muda? Você não está errado em perseguir essa coisa que não muda. É inato em você essa busca, para que possa ter algo chamado estabilidade – poder reconhecer a mudança e, contudo, manter a dignidade de ser quem é.

 

Quem é você? Você foi incrivelmente abençoado por ter esta vida. Isso é muito mais do que você pode perceber. Muita gente diz: “Eu sou eu. Fiz isso; fiz isso. Não é grande coisa”.
Bom, deixe-me dizer, você é totalmente único. Não há ninguém como você na face desta Terra e, na verdade, você sabe disso. Seu jeito de sorrir, de olhar, a forma de pensar, rir, chorar, andar, a forma de saber e de não saber – é completamente única. Quando você se for, nunca será substituído – jamais.
O milagre é que essa respiração está chegando a você e você está vivo. Pode pensar, entender e sentir. Esses são os milagres, e estão acontecendo dentro de cada ser humano.
Quando o sol nasce ou se põe, desperta a apreciação e você diz: “Que lindo”. Quando uma guitarra é tocada em sintonia com um sentimento, ela desperta algo em você. Agora, deixe-me perguntar: é possível que você também tenha dentro de si a paz, mas não encontrou aquilo que a desperta? Poderia ser assim tão simples? Sem nenhuma conferência mundial? Sem líderes se reunindo e fazendo propostas de paz?
Estou dizendo que a paz já está dentro de você, que aquilo que está buscando você já tem. Será que você é mais completo do que consegue perceber? Será que a paz foi colocada aí, bem no seu coração, para que assim você saiba onde encontrá-la?

 

Você precisa é do tambor da clareza tocando em sua vida, que irá despertar o ritmo da paz. Seus bens não são as coisas que você acha que são – seus bens verdadeiros são a sua clareza – sua consciência, sua capacidade de entender a paz que está em você. Esses são seus bens. Sem eles, sem o reconhecimento do divino que reside em você, irá buscar e buscar e buscar. E, quanto mais procurar, mais desapontado ficará.
Tudo o que estou afirmando, você já sabe, e não porque alguém lhe falou, mas pelos fundamentos que existem em cada ser humano – por aquilo que você realmente é, não por suas ideias.
A paz é uma realidade. A alegria que está dentro de você é uma realidade. Do que você precisa? Precisa que alguém lhe mostre o caminho interior, alguém que possa colocar um espelho na sua frente para que veja quem você é. Trata-se realmente de enxergar. Você pode escrever um livro sobre a água ou sobre um copo. Mas saciar a sede é uma experiência que você terá que ter.
O que você está buscando está em seu interior.  É isso. É simples, é belo – por natureza – pelo fato de você estar aqui. Entenda essa simplicidade, essa beleza, o que significa estar vivo. Aprenda a desfrutar do mais agradável. Esteja realizado nesta vida.
(desconheço a autoria)