sábado, 19 de fevereiro de 2011

Solução

Solução

“Ta cansada, né, minha veia?
Ocê nem carcula quanto, marido..As força qu’eu tnha quando era moça, a veice cumeu tudo.
E as minha também. Já num ‘guento mais cuidá do roçado. O qui nóis consegue plantá agora é tão pouco , qui num dá quaje dinhêro ninhum.
Ocê vê cumé qui são as coisa: nossos fio acho qui nem se alembra mais qui tem os pai.. A Maria Luisa, dispois qui se caso cu’aquele ricaço tem vergonha di nóis;
O Eufrásio, dispois que se formo douto, já tem bem uns deiz ano qui num vem aqui; e o outro, intão? O Eucrides? se mudo pro estrangero e nem num manda nem carta.Também, si mandasse, que que ia adiantá? Nóis num sabe lê...Eu vô oiá lá no bule pra vê si nóis inda tem argum dinhêro.A velha senhora volta-se devagar: o que tem num dá nem pra comprá farinha....
O velho senhor olha para sua mulher, andrajosa e desgrenhadapensar que fora tão linda!, levanta-se e diz:
num se apoquente, mulher.. Amanhã vou na cidade e dou um jeito.
Chamavam de cidade, mas era uma vilazinha, não tinha nem posto médico. Quem ficava doente, naquelas paragens, tratava-se com chás de ervas colhidas no quintal.
E, principalmente os nossos dois velhos que não teriam mesmo como comprar remédios na botica.
No dia seguinte levantou-se bem cedo, vestiu a roupa de missa, enrolou os parcos níqueis num velho lenço, e preparou-se para as duas horas de caminhada até a vila. Lá chegando, parou diante do armazém, abanou-se com o chapéuo sol já estava tinindo a essa horaEntrou no estabelecimento, cumprimentou o merceeiro, desatou o nó do lenço no qual trazia as moedas, espalhou-as sobre o balcão e perguntou:
—Essas moeda, dá pra comprá veneno di rato?
Olga

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