domingo, 26 de dezembro de 2010

Sobre o amor

As convenções sociais têm dito muita bobagem sobre o amor. Quando perdemos pai ou mãe, sempre lamentamos não tê-los amado o bastante. Mas, quanto é o bastante? Difícil mensurar. Talvez os tenhamos amado, sim, da maneira como podíamos e sabíamos, mas é muito difícil avaliar uma situação enquanto estamos dentro dela. E quando olhamos a escada de cima para baixo, parece-nos sempre menos íngreme do que quando vista de baixo para cima. Aí vem a nossa tradição judaico-cristã que nos incute culpas mil, e avaliar qualquer coisa com culpa, torna sempre essa coisa maior e mais digna do que nos pareceria se vista com isenção. O Mandamento diz que se deve “Honrar” pai e mãe. Penso que o amor, nesse caso é deixado a critério de nossas preferências pessoais. Porque, a bem da verdade, uma das poucas liberdades que temos na vida é a de amar; nem mesmo chamaria de uma liberdade, pois o amor não é uma condição escolhida por nós, mas sim, nós é que somos escolhidos, ou melhor, avassalados por ele. Pois, nos surpreendemos muitas vezes tentando achar um bom motivo para termos amado A ou B. Examinando friamente a questão, perguntamo-nos o porquê de termos amado A quando sabemos, em sã consciência que B é uma pessoa infinitamente melhor do que A. Talvez a resposta a essa pergunta ainda leve alguns séculos para ser respondida. Quando os cientistas descobrirem mais a respeito da química que rege o nosso organismo.

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