quinta-feira, 22 de setembro de 2011

nosso tempo

nosso tempo
Parece ser uma lei da Natureza: Tudo o que nasce, cresce e depois morre. —seja planta, gente ou civilizações, eras.
Como a Era de Peixes, que teve seu início com o advento do Cristo, está no fim, porque, (segundo os estudiosos cada era tem cerca de 2000 anos), estamos entrando na Era de Aquários. Vivemos, pois, um período de transição, no qual o que era está se desfazendo e o que virá ainda não se formou. É, pois, um período de indefinições. O Homem, tendo perdido o contato consigo mesmo, não sabe mais quem ele é. Os valores verdadeiros foram subvertidos: O exotérico sufocou o esotérico. Defrontamo_nos com o fim de algo conhecido e o desconhecido é aterrador para o ser humano.Não temos mais um chão firme para pisar, e não encontrando suas bases, o homem começa a buscar soluções mágicas, seja nas religiões ou nas ciências —abertas ou ocultas, não importa—o fato é que estamos buscando fora de nós o que só pode ser encontrado dentro. Estamos percorrendo o caminho oposto ao que deveríamos percorrer, porque só dentro de nós encontraremos a nós mesmos e então, sim, partir para fora, para através da conduta correta, tentar construir o mundo vindouro sobre bases sólidas.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Fragilidade

Um dos grandes defeitos do nosso mundo é a fragilidade da vontade.
Parece que as pessoas estão vacinadas contra todo o género de esforço, enquanto o prazer, a comodidade, os caprichos e a superficialidade constituem a lei.

Tudo nos leva a crer que a força de vontade _ a fortaleza _ cada vez escasseia mais.

Quando há um problema conjugal, o mais fácil é destruir o casamento. O divórcio apresenta_se como uma solução muito prática e atractiva. As crianças e os jovens fogem de qualquer esforço. O prazer sexual é agora a coisa mais importante para muitas pessoas.

Porquê tanta debilidade? Por que razão temos tanto medo do esforço?
Como é uma pessoa que vive a virtude da fortaleza?

Considera_se que uma pessoa é forte _ que vive a virtude da fortaleza _ quando, em situações que podem atentar contra a sua própria pessoa, resiste às influências prejudiciais, suporta todas as dificuldades que encontra e se entrega com valentia para ultrapassar os obstáculos e empreender coisas grandes.

A virtude da fortaleza torna a vontade férrea, de aço, inflexível perante as dificuldades, os desânimos e os problemas, pequenos ou grandes, da vida de todos os dias.
A vontade enche_se de valentia para acometer, para se lançar sobre o inimigo.
Resistir às dificuldades
Dizíamos que uma pessoa que vive esta virtude, em primeiro lugar, resiste às influências prejudiciais, suporta as dificuldades que encontra.

Esta é a primeira faceta da virtude: resistir às dificuldades, suportar as incomodidades. Quantas pessoas há que não são capazes de suportar nem o mais pequeno incómodo? Quantas haverá que não resistem às influências que lhes fazem dano? Por que sucede isto? Simplesmente porque não cultivaram em si mesmas a Fortaleza de espírito.

A vontade, enfraquecida, cede facilmente perante as dificuldades, por mais pequenas que sejam.

Quem não está habituado ao esforço dificilmente poderá resistir às dificuldades da vida.

Que nos propõe o mundo de hoje no que respeita às dificuldades, por exemplo, no casamento?

Basta vermos alguns filme ou telenovelas para observarmos que, perante as dificuldades próprias de um casamento, a solução mais fácil e cómoda é destrui_lo. Ir com outra pessoa. Esquecer e recusar o compromisso que se contraiu livremente.

Por que acontece isto? Pela debilidade da vontade, pela pobreza da vivência da fortaleza nas pessoas.

Para resistir ao embate das ondas é preciso ser forte. Para resistir às dores provocadas por uma doença é preciso ser forte. Para resistir ante as alterações de humor, de estado de ânimo, é preciso ser forte.

Quantas vezes voce se deixa levar pelo mau humor? Quantas vezes voce perde o controle pessoal por falta de fortaleza? De que maneira voce fere os outros por não saber ser suficientemente forte para dominar a si mesmo? Quantas vezes não teve a coragem de se responsabilizar pelas consequências das tuas decisões? Quantas...?

A virtude da fortaleza no seu aspecto de resistir não se dá gratuitamente. É necessário ir formando essa virtude, dia após dia, de preferência desde pequenos.

Começa hoje mesmo, dominando_te em pequenas coisas que exijam um esforço: levantar imediatamente da cama, arrumar bem as tuas coisas, privar_te de algum gosto superficial, ser paciente com os teus filhos, dar gosto ao teu cônjuge, não deixar as coisas fora do seu lugar.

Enfim... um sem número de coisas pequenas que hão_de construir em ti, pouco a pouco, a virtude da fortaleza, como sucede com aquele pedreiro que, tijolo a tijolo, constrói uma bela casa.

Cansaços, esforços e constância darão como fruto a vivência da virtude. Recordemos que, humanamente, a pessoa que quer ser madura, e cumprir o seu fim natural de crescer como tal, tem, necessariamente, de ser dona de si mesma: dona das suas decisões, senhora das suas inclinações e instintos.

A criança procura sempre satisfazer os seus caprichos porque ainda não formou a virtude da fortaleza.
Mas... um adulto? Um adulto pode ser escravo da sua preguiça, das suas iras, dos seus maus humores? Se não possuir uma fortaleza pessoal que resista a estas dificuldades, nunca chegará a ser verdadeiramente adulto.

Resistir: o grande desafio do homem perante as dificuldades. Dificuldades internas, que lhe vêm a partir de dentro devido ao egoísmo, por se amar a si mesmo. Dificuldades externas, que a vida nos apresenta todos os dias: encontrar o sustento, conservar aquilo que se tem, estudar, melhorar...

Se quiser que os teus filhos triunfem na vida, que permaneçam sempre fiéis a que resistam às dificuldades das suas próprias vidas, ajuda_os a exercitarem_se diariamente na formação da virtude da fortaleza na sua primeira forma: RESISTIR.

Atacar os obstáculos

Muitas vezes pensamos que a fortaleza se limita a suportar as dificuldades que se nos apresentam. No entanto, ela é importante para nos entregarmos com valentia e ultrapassarmos os obstáculos que nos impedem o caminho, lançando_nos a ações e empreendimentos grandiosos.

A preguiça... é necessário vencê_la com esforço, com entusiasmo, com decisão. Conseguir uma coisa melhor para a casa, sem dúvida que custa esforço. Apenas a pessoa forte será capaz de o alcançar. O esforço é a sua medida. Não chega suportar as dificuldades: é preciso atacar com decisão e valentia essas contrariedades. Quantas horas e horas de esforço são precisas para ensinar alguma coisa aos filhos? Quanta paciência é necessária para construir essa casa em pedra? Quantos anos é preciso dedicar para concluir os estudos? A pessoa forte, aquela que sabe acometer essas dificuldades, será vitorioso. Aquele que se decidir a remar na sua lancha para atravessar o mar precisará de muita força e de muita constância para chegar a um porto seguro.
Para nos formarmos na fortaleza, é preciso que nos esforcemos com valentia. Para conseguir que a tua família seja uma autêntica família, não basta resistir às dificuldades: terá de enfrentar com elas, agarrar o touro pelos cornos e por_te a trabalhar para que o teu lar melhore todos os dias.

Quem se esforçar formará em si mesmo a virtude da fortaleza.

As grandes batalhas ganham_se lutando. Aquele que se sentasse a contemplar nunca poderia vencer. Aquele que quiser ser melhor terá de se esforçar para o ser.

O jovem que quiser obter uma boa nota na escola terá de se esforçar. O marido que quiser amar a esposa terá de se esforçar para lhe dar o melhor. A esposa que quiser amar o marido procurará, da mesma forma, tudo aquilo que o torne feliz.
Quem quiser educar os seus filhos precisará de grandes e constantes esforços, para que eles, ao longo dos anos, se formem como verdadeiras pessoas,


Cuida de ti mesmo quando vierem a impaciência e o mau humor. Vence_te!
Esforça_te.

Cuida da tua fé, Sê forte. Resiste. Não te deixes vencer.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Promessas

Promessas
No deveramos jamais fazer promessas, exceto as cumpríveis.
Podemos prometer tentar cumprir metas. E só.
Homens e mulheres no calor da paixão, prometem fazer o outro (a) o ser mais feliz do mundo.
1) Existe, por acaso, medidor de felicidade?
2) Esse alguém percorreria o mundo todo para comprovar o tamanho da felicidade do seu companheiro (a)?
O outro aspecto que ninguém faz ninguém feliz. A felicidade algo pessoal e não doável.
O que podemos propiciar ao outro são gentilezas, mimos, presentes, que lhe darão contentamento, mas não felicidade.
Quando contentamos a algum, nos sentimos felizes, porque é na doação de si mesmo que o ser humano encontra a felicidade, portanto a única pessoa a quem alguém pode proporcionar felicidade é a si mesmo.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Seja um idiota

Seja um idiota

Arnaldo Jabor

A idiotice é vital para a felicidade. Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz
A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins.
No dia_a_dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse.
Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.
Milhares de casamentos acabaram_se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto. [~;
Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo, soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?
Ha ha ha ha ha ha ha ha!
Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?
É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí, o que elas farão se já não têm por que se desesperar?
Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer?
Espero que não.
Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa. Dura, densa, e bem ruim.
Brincar é legal. Entendeu?
Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço, não tomar chuva.
Pule corda! Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.
Ser adulto não é perder os prazeres da vida _ e esse é o único "não" realmente aceitável. Teste a teoria.
Uma semaninha, para começar. Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são: passageiras.
Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...
Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!
Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?
"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios". "Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche".

O que fazer para que as metas saiam do papel

O que fazer para que as metas saiam do papel

Trace metas simples, de curto prazo, para evitar frustração se não atingi_las. Tente escolher ate 3 metas e inclua outras so após cumprir as primeiras

Tenha os objetivos claros para cada uma das áreas da vida (saúde, profissional, finanças, social, relacionamentos afetivos, emocional) garantindo equilíbrio entre elas

Estabeleça prioridades, por ordem de importância, definindo o que será posto de lado para que conquiste o que deseja

Avalie se dispõe de recursos para atingir os objetivos

Diga não e estabeleça limites para não ficar sobrecarregado

Saiba diferenciar o que é importante do que é urgente

Coloque os objetivos no papel em lugares visíveis como a geladeira ou a agenda

Use agenda ou programa de computador para planejar e organizar o dia_a_dia de forma a incluir a meta na rotina

Faça acompanhamentos semanais entre o planejado e o realizado. Se não estiver dando certo reveja o objetivo, o prazo e a estratégia usada

Não queira ser bom em tudo nem fazer tudo perfeito

Não faça tudo ao mesmo tempo sem foco ou prioridades. É preciso traçar planos que sejam compatíveis e nao tragam conflito de agenda ou finanças

Controle a ansiedade, crie oportunidades e soluções em vez de se fazer de vitima

Mantenha_se motivado

Não confunda desejos e sonhos com projetos fazendo planos que não poderá alcançar

Não meça o seu sucesso pelo sucesso dos outros

(Deconheço a autoria)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Resgatar valores

Antes da chegada do europeu, não havia ladrões entre os índios, porque, sendo os bens de propriedade comum não há porque querer tirar nada de ninguém. Porque não voltar ao modelo de sociedade indígena, no qual as mães cuidam de seus filhos até uma certa idade e depois enviam_nos, os meninos para a casa dos homens e as meninas para a casa das mulheres? Para que cada um aprenda os valores próprios de sua condição?
Nada contra a mulher trabalhar fora, só penso que isso deveria dar_se de outra maneira. Aliás, penso que a mulher só deveria trabalhar fora depois que seu filho tivesse pelo menos cinco anos, porque até essa idade ela já lhe teria transmitido os conceitos básicos sobre os valores éticos e morais, noções de ordem e disciplina e de convivência em sociedade. E mesmo assim, precisaria valer a pena. Isto é:se a mulher for uma profissional de carreira, como uma cientista, por exemplo. Qual é a vantagem de trabalhar na lojinha da esquina, ganhando 400,00 se tem que pagar 350,00 para a escolinha da criança? Escolinhas nem sempre adequada para a transmissão desses mesmos valores éticos e morais que a mãe deixou de transmitir quando abdicou da educação da criança.
Ninguém em sã consciência negaria que a má distribuição de renda causa problemas sociais, mas que não venham os "filósofos" e os "sociólogos" tentarem convencer_me de que é isso que leva ao roubo e ao crime. Nenhuma pessoa que tenha boa formação moral e religiosa irá jamais para o mundo do crime. E questiono também a tese de que alguém rouba só porque não tem seja lá o que for, pois se assim fosse, não veríamos pessoas riquíssimas, como é o caso de alguns políticos, desviando o dinheiro público.
Sabemos que o homem é um criador de necessidades, e que, portanto, nunca estaria satisfeito com o que tem Um carro não lhe basta. E se tiver dois, precisará de uma iate, e assim por diante.
Se tentarmos resgatar os valores importantes, não consumistas. Se percebermos que o importante e o Ser e não o Ter e ensinarmos isso às nossas crianças, teremos, não amanhã, mas dentro de um prazo razoável, uma sociedade melhor do que a que temos hoje.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Limites

Limites
Quando jovens, e, eventualmente, até mesmo depois de velhos, temos a pretensão de podermos nos insurgir contra os limites. Brigamos, geralmente com pai e mãe. Porque sabemos que podemos. Façamos nós o que fizermos, eles sempre estarão lá.
Se meditarmos um pouco sobre a questão dos limites, ficaremos um tantinho decepcionados conosco, porque perceberemos a falsidade da luta. Lutamos quando há a certeza da vitória; brigamos contra pais e professores, mas não contra patrões. Dificilmente alguém contesta o farol vermelho. E o nosso corpo? Ele nos obriga a, por exemplo, nos alimentarmos periodicamente, e, em caso de rebeldia de nossa parte, ele mostra que pode mais e nos mata. Não podemos andar, a não ser pondo um pé de cada vez adiante do outro. A continuar com esta lista, não acabarei nunca. . E ninguém, absolutamente ninguém, luta contra sua própria pele, que é, sem sombra de dúvida o nosso maior limite. Imaginem de que seríamos capazes se não tivéssemos um corpo a nos limitar. Deus seria pouco.No entanto, continuamos a ter a ilusão de que nos rebelamos. Assim é o Homem.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Mundo moderno

Mundo moderno
Acho que ingressei na escola de filosofia para tentar viver no único mundo de que dispomos: O Mundo Moderno, no qual tudo tem que ser: politicamente correto, ecologicamente correto, esteticamente correto. Já não suporto mais tanta correição.
Será que poderíamos ser um pouco feios, um pouco gordos, um pouco tortos ou um pouco vesgos?
Não. Não podemos! Temos que ser lindos mesmo que isso nos custe a saúde.
Aí vem a parte ecológica: Há uma questão a ser resolvida: Se usarmos copos descartáveis, aumentaremos a quantidade de lixo; se usarmos copos de vidro, teremos que lavá_los e gastaremos água. Talvez a solução seja beber água na concha da mão.(ou não beber..., isso seria uma medida louvável: economizaríamos água para os netos que não sabemos se teremos).
Para ser politicamente correto, há uma porção de coisas que não podemos falar: Não podemos dizer de ninguém que é baixo, alto, gordo, magro, negro, branco, vesgo, perneta, mesmo que o seja. É claro que existe a maneira pejorativa de usar tais termos. Mas, há que se ter muito, mas muito cuidado mesmo porque o outro pode interpretar da maneira que quiser.
A outra coisa difícil é fazer compras: antigamente havia pão; hoje há pão: de centeio, de trigo integral, de cevada, de milho, de aveia, de fibras, de castanhas, de passas, de batatas, e sei eu que quantas qualidades mais. Torna_se difícil encontrar alguma coisa sem aditivos, sejam eles de origem mineral, vegetal, animal, ou sintética. Até a boa e velha alface já mudou de cor.
Antigamente, no domingo à tarde, depois da macarronada com frango assado e 1(um) copo de refrigerante, íamos visitar alguma velha tia.
A velha tia não recebe mais aos domingos, salvo combinação anterior por telefone ou email.
A missa de domingo não tem mais o caráter sagrado.
Nada mais tem o caráter sagrado.
Então, para tentar salvar em mim, o que resta de humano, ingressei no curso de filosofia...

Lazer

Lazer
Nesta era altamente tecnologizada em que vivemos, esquecemo_nos das coisas simples.
Se perguntarmos a qualquer pessoa sobre diversão ela dirá, se for rica, muito rica que a vida é um tédio, visto não haver diversões mais divertidas que o dinheiro possa comprar; se for pobre dirá que não se diverte por que não tem dinheiro e que o governo precisa criar espaços de lazer para os jovens carentes, etc. Quanto dinheiro é necessário para jogar uma pelada?@
Ou para arrastar os móveis e fazer um baile? Ah! Não! Para dançar é preciso ir à danceteria da moda, de preferência a mais badalada.
E as crianças? Antes do advento dos brinquedos auto_brincantes (os pais teriam que comprar um a cada semana, pois a indústria fabrica_os aos montes e há sempre um novo brinquedo no mercado), o menino cavalgava um pau de vassoura e não me consta que haja mais felicidade hoje que ontem.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A ARTE DE VIVER BEM

A ARTE DE VIVER BEM
Içami Tiba
 
 
Não exija dos outros o que eles não podem lhe dar,
mas cobre de cada um sua responsabilidade.
Não deixe de usufruir o prazer,
desde que não faça mal a ninguém.
Não pegue mais do que precisa,
mas lute por seus direitos.
Não olhe as pessoas só com seus olhos,
mas olhe-se também com os olhos delas.
Não fique ensinando sempre,
você pode aprender muito mais.
Não desanime perante o fracasso,
supere-se transformando-o em aprendizado.
Não se aproveite de quem se esforça tanto,
ele pode estar fazendo o que você deixou de fazer.
Não estrague um programa diferente com seu mau humor,
descubra a alegria da novidade.
Não deixe a vida se esvair pela torneira,
pode faltar aos outros...
O amor pode absorver muitos sofrimentos,
menos a falta de respeito por si mesmo!
Se você quer o melhor das pessoas,
dê o máximo de si,
já que a vida lhe deu tanto.
Enfim, agradeça sempre,
pois a gratidão abre as portas do coração.


Desiderata

Desiderata
Prossiga placidamente entre o barulho e a pressa, lembrando-se da paz que pode haver no silêncio.
Tanto quanto possível esteja em bons termos com todas as pessoas.. Fala a tua verdade quieta e claramente, mas ouve aos outros, mesmo os monótonos e os ignorantes... elas também têm a sua história. Evite as pessoas que falam alto e que são agressivas, pois elas são vexame para o espírito.
Se você se comparar a outros, pode se tornar vão e amargo, pois sempre haverá pessoas maiores e menores do que você.
Desfrute de suas conquistas bem como de seus planos.
Mantém-te interessado em tua carreira por humilde que seja
Pois esta é a verdadeira posse na mudança do destino. Exerce com precaução os teus negócios, mas não deixe que isto te cegue para a virtude
Muitas pessoas lutam por altos ideais e em toda parte a vida está cheia de heroísmo. Sê tu mesmo. Especialmente não desdenhes a afeição, nem seja cínico a respeito do amor, pois, face à avidez e o desencanto, é tão perene como a grama.
Acata respeitosamente o conselho dos anos graciosamente capitulando os bens da juventude; treina a força do espírito par protegê-lo em desgraça repentina, mas não te deixes levar pela imaginação.
Muitos medos advêm da fadiga e da solidão. Atrás de uma disciplina total, sê gentil contigo mesmo.
Tu és filho do Universo não menos do que as árvores e as estrelas.
Tens o direito de estar aqui, e quer seja claro ou não para ti, o Universo prossegue a sua marcha conforme tem que ser.
Portanto, esteja em paz com Deus o que quer que O concebas ser.
E quaisquer que sejam as tuas aspirações e trabalho na confusão barulhenta da vida, mentem a paz na tua alma.
Com toda a sua vergonha, labutas e sonho partidos, ainda é um mundo maravilhoso. Sê cuidadoso. Luta pra ser feliz.
 
(Encontrado na Igreja Velha de São Paulo, em Baltimore, no ano de 1692)

terça-feira, 26 de abril de 2011

Soneto available

 
 
 
 
Soneto available
Agora o português se expressa assim:
Furgão é" van", adolescente é ‘teen",
Pleiofe, teste drive, fastifude
A gang, o drogadito, o drime time,
É nice, é uma overdose, é verigude.
Ninguém consegue mais falar direito.
"Eu vou estar fazendo" é o que se diz
Um dia, a idéia tem, feliz,
De traduzir "straight" por "estreito"
Até que um dicionário nos ajude;
até que a poesia arrume e rime
e que um brazilianista entenda e estude.
Portanto, jovem, faz favor de,enfim,
"disponibilizar" teu pé pra mim.
 
Glauco Matoso

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Fitness


Fitness

Persegue-se, hoje, a “qualidade de vida” com um empenho tal, porque a mídia nos diz que devemos fazê-lo, como se não fossemos morrer jamais. E para sermos lindos e bem-sucedidos na vida, temos que ter a estatura certa, à qual, evidentemente, deve corresponder o peso exato;  a cor de pele; olhos e cabelos também devem adequar-se umas às outras.Para conseguir tudo isso, necessita-se tomar hormônios e vitaminas, fazer exercícios físicos (caminhar, malhar, etc); fazer rigorosos regimes alimentares, cirurgia plástica, etc, etc. Caso não façamos todas essas coisas, para nos adequarmos ao padrão estético imposto pelos modernos conceitos de saúde e beleza, seremos excluídos da sociedade.
Além de lindos, temos obrigatoriamente, que ser felizes. E a qualquer preço. Não mais nos são exigidos certos “sacrifícios”, tais como abnegação, paciência, tolerância, fidelidade.... Tudo o que há quarenta anos era considerado virtude, hoje é considerado “careta”. A mídia nos diz que, em nome de nossa individualidade, só devemos nos preocupar conosco mesmos, E é claro, ficamos enfurecidos quando o outro não se incomoda conosco. Seguindo nesse passo, seremos, no futuro, como estatuetas de bisquí, lindas, perfeitas... e ocas¨. É primordial que sejamos ocos, para que os departamentos de propaganda disponham de espaço suficiente para rechear com o que quiserem, já que sua função é nos transformar em consumidores compulsivos, que comprem coisas, necessitemos delas ou não, para que haja recursos financeiros suficientes para fomentar a pesquisa cientifica na direção de afastar a dor e a velhice, e também os inconvenientes da gravidez e do parto, produzindo pessoas em laboratório. Penso que isso não demorará muito, afinal, a clonagem de animais. a inseminação artificial e a fertilização “in vitro”, já são práticas comuns hoje.
A humanidade (!?) caminha em largos passos em direção ao “Admirável Mundo Novo” (refiro-me ao romance, escrito por Aldous Huxley na década de trinta, e sujiro a leitura desse livro a quem ainda não leu, e uma releitura àqueles que já leram.

“Oh! Wonder!
How many goodly creatures are there here!
How beauteous mankind is!
Oh! New brave world,
That has such people in it”

             (A Tempestade, de W. Shakeaspeare)


domingo, 17 de abril de 2011

Da perversidade do Mercado

Da perversidade do Mercado

O mercado tem um aspecto extremamente perverso, e além de perverso desproporcional. Compra-se algo cujo preço varia entre, suponhamos, R$10,00 e R$60,00. Se fosse proporcional o de dez reais deveria durar um sexto do tempo que dura o de sessenta. Mas não é o que acontece. O de sessenta pode durar três anos enquanto que o de dez dura dois meses. Em assim sendo, quem tem menos dinheiro gasta mais do que quem tem mais.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Bem vinda

Bem vinda

O casal aguardava com tanta ansiedade um filho, que quando nasceu-lhes a menina,chamaram-na Benvinda. À medida que crescia, acentuavam-se-lhe a beleza e a graça. Desde muito nova comportava-se como uma mocinha:educada, gentil, prestativa. O único problema era a escola. Benvinda  parecia ter algo desencaixado em sua linda cabeça. Não aprendia. Castigo não lhe davam. –Como castigar uma criança tão boa?-
Professores particulares, um após outro,  desistiram. Tornou-se, depois de moça, a mais bela analfabeta que já aparecera por aquelas paragens. Seus pais davam festas, na tentativa de arranjar-lhe um casamento.
Benvida recebia as homenagens como um jardim recebe os raios de sol. Tudo aquilo lhe parecia muito natural; criada com muito zelo pelos pais, pouco sabia do mundo e apesar de encantadora e do vultoso dote oferecido pelos pais, custou muito a aparecer um candidato a noivo. Um belo dia apareceu na cidade um jovem forasteiro bem apessoado, bem falante, que não se importou com o fato de Benvinda ser analfabeta
.Tudo arranjado e combinado, casaram-se numa bela tarde de junho. Da festa, fala-se até hoje. Pouco tempo depois os pais de Benvinda morreram em um acidente e ela tornou-se uma mulher riquíssima. Alcides,-assim se chamava o marido, finalmente mostrou a que veio. Aproveitando-se da ingenuidade e do analfabetismo  da esposa. Sumiu no mundo levando tudo o que ela possuía..
Benvinda foi falar com a professora na escola local:
“Agora eu vou aprender. E vou cursar a Faculdade de direito. Devo isso a mim mesma”.


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Ganhos clandestinos

Ganhos clandestinos

Pelo andar notava-se que era um marinheiro.Aproximou-se da moça que caminhava sozinha pela orla da praia. Ela assustou-se, pois tinha o olhar perdido nas ondas e não notou a aproximação o rapaz.
Galanteador, dirigiu-lhe desta forma a palavra:
Onde estarão os homens desta cidade, que permitem que uma moça tão  bonita passeie sozinha?
A jovem miou-o de alto a baixo sem responder. Estava de mau humor. Brigara com a mãe, como sempre.Aquilo tinha que ter um fim. Mas, qual?
Tinha quase trinta anos. Ainda não se casara.Também não trabalhava para ganhar a sua independência. E o pai fora bem claro:
Enquanto estiver vivendo debaixo do meu teto e às minhas expensas, tem que respeitar as regras da casa: se sua mãe diz que tem que lavar a louça antes de  sair pra passear,  tem que lavar. E pronto!
Gislaine -era o seu nome- sonhava ainda encontrar um príncipe que a levaria a morar num castelo, n qual haveria criadagem suficiente até para lher dar comida na boca. Detestava  o bairro onde morava, a casa  humilde, as roupas simples  que os parcos recursos do pai lhe permitiam comprar. Não quis estudar. Achava que era muito sacrifício. Também não quis aprender o ofício de costureira que a mãe tentou lhe ensinar. Cozinhar tão pouco queria aprender. Seus sonhos eram, afinal, tão vazios quanto ela própria.
O marinheiro insistiu:
É tão orgulhosa que não responde a um cumprimento?
Desculpe! Respondeu. É que estava distraída...
—Além de linda tem uma bela voz!.
Bondade sua, respondeu um pouco encabulada.
Bondade, coisa nenhuma. , estou dizendo a verdade, completou o marinheiro, fazendo uma mesura.
O sujeito era um belo tipo, com sotaque estrangeiro.”Esse sujeito, pensou Gislaine, mas pode ser uma ponte”
O marinheiro, escolado por tantos portos que já visitara, por sua vez, pensava:
“Ela tem, de fato um belo rosto. E vê-se de longe que é simplória. E ambiciosa. É perfeita.
Sirvo em um navio americano. Se você quiser, posso levá-la para os Estados Unidos. Com esse rosto e essa voz  aposto que em pouco tempo alcançará o estrelato.
Notou o brilho de cobiça nos olhos da mulher.
“Pronto, pensou, mais uma”

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Crise de identidade

Nesta altura da vida já não sei mais quem sou... Vejam só que dilema!!!
Na ficha da loja sou CLIENTE, no restaurante FREGUÊS, quando alugo uma casa INQUILINO, na condução PASSAGEIRO, nos correios REMETENTE, no supermercado CONSUMIDOR.
Para a Receita Federal CONTRIBUINTE, se vendo algo importado CONTRABANDISTA. Se revendo algo, sou MUAMBEIRO, se o carnê tá com o prazo vencido INADIMPLENTE, se não pago imposto SONEGADOR. Para votar ELEITOR, mas em comícios MASSA , em viagens TURISTA , na rua caminhando PEDESTRE, se sou atropelado ACIDENTADO, no hospital PACIENTE. Nos jornais viro VÍTIMA, se compro um livro LEITOR, se ouço rádio OUVINTE. Para o Ibope ESPECTADOR, para apresentador de televisão TELESPECTADOR, no campo de futebol TORCEDOR.
Se sou rubronegro, SOFREDOR. Agora, já virei GALERA. (se trabalho na ANATEL , sou COLABORADOR ) e, quando morrer... uns dirão..... FINADO, outros .... DEFUNTO, para outros ... EXTINTO, para o povão ... PRESUNTO. Em certos círculos espiritualistas serei ... DESENCARNADO, evangélicos dirão que fui ...ARREBATADO.
E o pior de tudo é que para todo governante sou apenas um IMBECIL !!! E pensar que um dia já fui mais EU.

Luiz Fernando Veríssimo.

Eu, Etiqueta

Eu, Etiqueta
Drummond

Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome...estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
minhas meias falam de produto
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro
minha gravata e meu cinto e escova e pente
meu copo, minha xícara,
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes.
gritos visuais,
ordens de uso, abuso, reincidência,
costume, hábito, premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda
seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim mesmo
ser pensante, sentir-se solidário
com outros seres diversos e conscientes
de sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio,
Ora vulgar ora bizarro,





Em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer, principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou –vê lá – anúncio contratado,
Eu é que mimosamente pago
para anunciar, para vender
em bares festas praias pérgulas piscinas,
e bem à vista exibo esta etiqueta
global no corpo que desiste
de ser veste e sandália de uma essência,
tão viva, independente,
que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
minhas idiossincrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espelhavam
a cada gesto, a cada olhar,
cada vinco na roupa
resumia uma estética?
Hoje sou costurado, sou tecido,
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrina me tiram, recolocam,
Objeto pulsante, mas objeto
Que se oferece como signo de outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De não ser eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem
Meu novo nome é coisa
Eu sou a coisa, coisamente.



terça-feira, 5 de abril de 2011

Gostaria de usar um tempinho para falar a seu respeito. Como eu sei sobre você? Num nível elementar, você não é diferente de mim. Não me refiro às suas realizações ou ao seu potencial, ou às coisas pelas quais você já passou. Mas, como seres humanos – o que você é e eu também sou –, existe algo que nós temos em comum.
Eu estou vivo; você está vivo. Um alento pulsa em mim; um alento pulsa em você. Seu anseio é pela felicidade, independentemente dos meios pelos quais você a busca. Felicidade, alegria, paz – são suas aspirações, compõem também meus anseios. Portanto, falo a você nesse nível fundamental, não como perito, um pregador, nem mesmo como um professor, mas de um ser humano para outro.
Estamos em meio a um inacreditável tornado de mudanças. Tudo à nossa volta está num contínuo estado de mutação. Pensamentos, ideias, percepções mudam. E você muda – muda e muda – tudo isso enquanto tenta lutar contra as mudanças. Talvez em algum momento de sua vida, você chegue à seguinte conclusão: basta de combater as mudanças – deixe que venham.
No meio de todas essas mudanças, poderia haver algo que não muda? Você não está errado em perseguir essa coisa que não muda. É inato em você essa busca, para que possa ter algo chamado estabilidade – poder reconhecer a mudança e, contudo, manter a dignidade de ser quem é.

 

Quem é você? Você foi incrivelmente abençoado por ter esta vida. Isso é muito mais do que você pode perceber. Muita gente diz: “Eu sou eu. Fiz isso; fiz isso. Não é grande coisa”.
Bom, deixe-me dizer, você é totalmente único. Não há ninguém como você na face desta Terra e, na verdade, você sabe disso. Seu jeito de sorrir, de olhar, a forma de pensar, rir, chorar, andar, a forma de saber e de não saber – é completamente única. Quando você se for, nunca será substituído – jamais.
O milagre é que essa respiração está chegando a você e você está vivo. Pode pensar, entender e sentir. Esses são os milagres, e estão acontecendo dentro de cada ser humano.
Quando o sol nasce ou se põe, desperta a apreciação e você diz: “Que lindo”. Quando uma guitarra é tocada em sintonia com um sentimento, ela desperta algo em você. Agora, deixe-me perguntar: é possível que você também tenha dentro de si a paz, mas não encontrou aquilo que a desperta? Poderia ser assim tão simples? Sem nenhuma conferência mundial? Sem líderes se reunindo e fazendo propostas de paz?
Estou dizendo que a paz já está dentro de você, que aquilo que está buscando você já tem. Será que você é mais completo do que consegue perceber? Será que a paz foi colocada aí, bem no seu coração, para que assim você saiba onde encontrá-la?

 

Você precisa é do tambor da clareza tocando em sua vida, que irá despertar o ritmo da paz. Seus bens não são as coisas que você acha que são – seus bens verdadeiros são a sua clareza – sua consciência, sua capacidade de entender a paz que está em você. Esses são seus bens. Sem eles, sem o reconhecimento do divino que reside em você, irá buscar e buscar e buscar. E, quanto mais procurar, mais desapontado ficará.
Tudo o que estou afirmando, você já sabe, e não porque alguém lhe falou, mas pelos fundamentos que existem em cada ser humano – por aquilo que você realmente é, não por suas ideias.
A paz é uma realidade. A alegria que está dentro de você é uma realidade. Do que você precisa? Precisa que alguém lhe mostre o caminho interior, alguém que possa colocar um espelho na sua frente para que veja quem você é. Trata-se realmente de enxergar. Você pode escrever um livro sobre a água ou sobre um copo. Mas saciar a sede é uma experiência que você terá que ter.
O que você está buscando está em seu interior.  É isso. É simples, é belo – por natureza – pelo fato de você estar aqui. Entenda essa simplicidade, essa beleza, o que significa estar vivo. Aprenda a desfrutar do mais agradável. Esteja realizado nesta vida.
(desconheço a autoria)

domingo, 27 de março de 2011

NORMOSE

NORMOSE
(a doença de ser normal)

"Todo mundo quer se encaixar num padrão.
Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Bebe socialmente, está de bem com a vida, não pode parecer de forma alguma que está passando por algum problema. Quem não se "normaliza", quem não se encaixa nesses padrões, acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento.
A pergunta a ser feita é: quem espera o quê de nós? Quem são esses ditadores de comportamento que "exercem" tanto poder sobre nossas vidas?
Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados.
A normose não é brincadeira.
Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer ser o que não se precisa ser. Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer a quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar?

Então, como aliviar os sintomas desta doença?
Um pouco de auto-estima basta.
Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim, aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo.
Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original.
Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.
Eu simpatizo cada vez mais com aqueles que lutam para remover obstáculos mentais e emocionais e tentam viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Para mim são os verdadeiros normais, porque não conseguem colocar máscaras ou simular situações.
Se parecem sofrer, é porque estão sofrendo. E se estão sorrindo, é porque a alma lhes é iluminada.

Por isso divulgue o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes."
(Michel Schimidt Psicoterapeuta)

domingo, 13 de março de 2011

Entrevista com Roberto Shinyashiki

A revista Isto É publicou uma excelente entrevista com Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de  empresas pela USP, consultor  organizacional e conferencista de  renome nacional e internacional.
Uma das perguntas desta entrevista, e a respectiva resposta, você verá a seguir. Medite sobre ela.
ISTO É – Muitas pessoas têm buscado sonhos  que não são seus, isso é verdade?
Shinyashiki
- A sociedade quer definir o  que é certo. São quatro loucuras da sociedade:
A primeira, é  instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados  individuais.
A segunda loucura é:
Você tem de estar feliz todos os  dias.
A terceira é:
Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo.
Por fim, a quarta loucura:
Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas.
As metas são interessantes  para o sucesso, mas não para a felicidade.
Felicidade não é uma meta, mas  um estado de espírito.
Tem gente que  diz que não será feliz enquanto não  casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do  casamento.
Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa
com a família  ou amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo a praia ou ao cinema.
Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais.
Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte.
A maior parte pega o médico  pela camisa e diz:
"Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e                ser feliz".
Eu sentia uma                             dor enorme  por não                 poder fazer nada. Ali eu        aprendi que a felicidade                 é feita de coisas pequenas. 
Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, ou por não ter comprado isto ou aquilo, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a  vida.
Todos, na hora da morte....                               ”dizem se arrepender de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.”...

Pense.... medite....

Alguma coisa parece semelhante em tua vida?

domingo, 6 de março de 2011

As Chamas do Tempo Modesto ::

As Chamas do Tempo Modesto ::

Categoria: São Paulo da cultura, gastronomia, lazer e oportunidades
Autor(a): Rubens Ramon Romero | história publicada em 22/12/2008
As “Chamas” do Tempo “Modesto” passaram! O tempo passa, o tempo passou, novas vidas surgem e os anos se vão, se foram, mas as lembranças ficam e não mudam o seu tom. Elas permanecem pelos tempos e, sempre que recordadas, provocam emoções, e muitas vezes retrata nas vidas presentes, permanecendo na memória, a história de cada um, provocando sensações, pelos tempos sem fim, pela eternidade. Lembrar e reviver os tempos.

O tempo é eterno ao ser lembrado, ele não é apenas o momento, nem um único sentimento, ele esta inserido no pensamento, espalhando reflexões por todas as gerações, e uma vez inscrito estará eternizado, desde seu nascimento.

Tudo parece uma rima, como no poema de Drummond, mas não é uma solução, porque o tempo passa, o tempo passou. Somamos tudo o que vivemos, subtraímos tudo o que gostaríamos de ter vivido, fazemos um balanço, e no movimento de ida e volta nos vem a lembrança, e então vivenciamos duas vezes, quando vivemos e quando nos recordamos...

Não podemos pedir ao tempo que nos devolva os anos que passaram, nos traga de volta o que perdemos, nos restitua a juventude, o negro dos cabelos, o viço da pele limpa, o vigor da mocidade e a forma de sentir e cantar o tempo. Ele passou. O tempo passou, como Chico Buarque expressa na antiga canção: “Eu bem que avisei a ela, o tempo passou na janela só Carolina não viu”.

E não foi só a Carolina que não viu, uma grande parte das pessoas também não viu. Nem ouviu o tempo passar, na voz do locutor Fiore Gigliotte: "O tempo passa...”, muito menos ouviu o Pedro Luiz, o Edson Leite, o Milton Peruzzi, Luis Noriega, Zé Italiano, Wilson Brasil, Geraldo José de Almeida, Mauro Pinheiro, Oduvaldo Cozzi (irmão do juventino Cozzi), Waldir Amaral, Mário Morais, dentre outros.

Foi o tempo dos grandes locutores, dos grandes comentaristas, dos comunicadores do futebol. Estarei errado? “Absolutamente Certo!”, muitos ouviram na voz de Aurélio Campos, leram nos jornais, Folha da Manhã, O Correio Paulistano, nas revistas Tico-Tico, a Cigarra, Noite Ilustrada, na Realidade e na mais famosa de todas, a de maior valor real, a revista “O Cruzeiro”, criticada por muitos de seus inimigos, com o humor do “Amigo da Onça”, na principal página. Na Revista do Rádio leram, ouviram e devem ter lembrado da voz grave de Walter Foster, e a do homem do rádio e da Mooca, Hélio Ribeiro, junto com a moça do Karmann-Ghia vermelho, todos os dias às doze horas, na rádio, com a sua comunicação no programa “Poder da Mensagem”.

E você, ouvinte–leitor, chegou a se comunicar na língua do “P”. Minhas tias Carmem e Marta dialogavam de nesse idioma “de trás pra frente”. Ouviu a Prk30, com Lauro Borges e Castro Barbosa, O Edifício Balança Mas Não Cai, A Cadeira de Barbeiro, A Hora do Pato. O Broto Não Tem Saudades, somente os mais velhos. O Crime Não Compensa, pois havia o que contrastasse, a Hora da Ave Maria, com Pedro Geraldo Costa, na PRG-9 Rádio Nacional, todos os dias às 18h00.

Sentimos saudades dos programas de televisão: Gincana Kibon, O Céu É o Limite, a série do Moquense, o Vigilante Rodoviário, e a entrega do troféu Roquete Pinto, Esta Noite Se Improvisa, a “Família Trapo”. Toda a família ao redor do aparelho de TV, até o cachorro, Rim Tim Tim, assistia e era assistido nos aparelhos Invictus, Semp, Zenith, Empyre, Windsor ou Colorado RQ. Com “Reserva de Qualidade” adquiriam o aparelho receptor em suaves prestações, nas Lojas Sears Roebuck, Assumpção, Isnard, Mesbla, Mappin, ou Casas Pirani (A Gigante do Brás), pertinho da Mooca, que patrocinava os primeiros programas de televisão da rede Tupi, as tais Grandes Atrações Pirani.

Alguns não paravam em casa, preferiam dançar. Boleros ao som de Eydie Gormé e Trio Los Panchos, Gregório Barrios, Bievenido Granda, o bigode que canta, e Lucho Gatica, acompanhados pelo conjunto “Pick-up e seus Negrinhos”, nos discos das marcas Continental, Copacabana, Chantecler, Odeon, RCA Victor. Nesses bailinhos dançava-se de rosto colado, com o odor do laquê dos cabelos das garotas entrando pelas narinas dos rapazes. Ray Charles era o favorito, com I Can`t Stop Loving You (não posso deixar de amar você). Os famosos bailes do “mela cueca”, com algumas cuecas de pano de saco de farinha, cedidos pelas padarias em troca da fidelidade dos clientes na compra do pão.

Todos iam aos bailes quando convidados; aos de formatura, nos salões do Aeroporto, Casa de Portugal, Palácio Mauá e Circulo Militar. Orquestras mais famosas: Silvio Mazuca, Osmar Milani, Erlon Chaves, Henrique Simonetti, El Pocho, Roberto Ferri. As seleções com os ritmos mais lentos, para se apertarem: fox, sambas canções, boleros. Depois as músicas mais aceleradas: mambos, cha-chá-chás, rocks e até os sambas mais ligeiros para se dançar o puladinho.

Os bailarinos, aqueles que dançavam figurado, iam com suas calças boca-de-sino, nos salões Lilás, Som de Cristal, Badaró e Clube Esso, (os dois na Rua 24 de Maio), Garitão, e no Tijolo Quente (no Brás, perto da Mooca), Avenida Rangel Pestana, quase esquina com Rua Professor Batista.

Os trajes eram os ternos comprados nas Lojas Garbo, Ducal, Casa José Silva e na A Exposição. Os mais elegantes e exigentes costurava-os nos alfaiates, ternos risca de giz e coletes, com tecidos adquiridos na Rua Monteiro (Avenida Rangel Pestana, do lado da Igreja São José do Brás).

O prendedor na gravata, abotoaduras na camisa Volta ao Mundo, suspensório, distintivo no bolso e lencinho na lapela eram os principais acessórios. Os cintos e as carteiras Lazko. Uns com relógio de bolso, no bolso, outros de pulso, no pulso: Mirvane, Movado, Eska ou Mido. ”Se fosse a Praça da Sé comprar um relógio Mido, sairia coMido” era o chiste da época.

Meias Lupo e lenço Presidente. No dedo anular anel feito com caroço de Jatobá!

Nesses bailes da época, a Valsa do Imperador era a música que imperava na dança dos formandos. Outros ritmos tocados? Baião, swing, fox trote, rumba, além dos tradicionais choros! Faleceu algum parente? Tarja preta abaixo dos ombros, ou fita na lapela em sinal de luto.

Na chuva, galochas e capa de shantung. Sapatos? De cromo alemão ou verniz. Aos mais pobres, “Alpargatas Roda”. Roda e avisa, um minuto para os comerciais, era o grito do Velho Guerreiro, que nos trazia o humor do Chacrinha nos nossos lares.

Antes dos bailes? Banho! Aos sábados, de tina, bacia ou chuveiro, com água gelada. Esfregava-se com bucha. Lavava-se com sabonetes Layfboy, Eucalol, Vale Quanto Pesa. Nas axilas, Leite de Colônia ou Leite de Rosas, emprestado da irmã, que usava calças Levi’s, blusa de banlon, saia plissada e brincava com bambolê. Após o banho, talco Ross, nos cabelos pente flamengo, depois Quina Petróleo Sandar, Glostora, Gumex, Óleo de Lavanda Boubon e óleo Dirce. Água Velva usava-se após a barba.

Os rapazes, com receio de “taboas” (recusa a pedido para dançar) convidavam as damas com gestos de cabeça distanciados. Os mais tímidos encorajavam-se com Gim, Fogo Paulista, Amargo Gambarotta, Kimel, Creme de Ovos, Hi-Fi, e a predileta, a mais digerida, a soberana, o Cubra Libre. Com sabor acentuado de hortelã, o preferido Pipermantt. Para refrescar o hálito: Jintam, Balas Kids, Drops Dulcora, ou o pequeníssimo “Sem Sem”.

Nos olhos, Colírio Moura Brasil ou Lavolho. Café antes de fumar? Caboclo, Seleto, Paraventi, ou Jardim. Após o café, cigarros Aspásia, Luiz XV, Continental, Fulgor, Everest, Pulmann, Castelões, Elmo e Negritos. Acendia cigarros com lente no sol? Talvez? Não lembra? Faz tanto tempo. Cigarilhas Talviz, e cigarrinho de talo de chuchu, fumava? E cigarro de folha de jornal? Usou piteira? Cheirava? Somente rapé e sentia tontura e enjôo.

Para enjôo e prisão de ventre: Magnésia de Phillips, Enteroviofórmio, Lacto Purga, Salamargo. Dor de dente, Gaicol. Dor de ouvidos, Aurissedina. Tosse, Fimatosan. O Biotônico Fontoura era para ficar mais forte. Operava as amídalas e depois tomava sorvete gelado. Curava-se a bronquite com Rum Creosotardo eternizado no reclame do bonde, na poesia:

“Veja ilustre passageiro o belo tipo faceiro
que o senhor tem ao seu lado.
E, no entanto, acredite,
Quase morreu de bronquite,
Salvou-o o Rum Creosotado”.

Havia outros anúncios, a figura de um homem tentando arrancar a tira fina de pano com as duas mãos e berrando: - Larga-me! Deixa-me gritar. Xarope São João. Havia também o do careca correndo atrás do macaquinho que lhe roubou o vidro da loção capilar: - Vem cá Simão! Traga a minha loção! Além daquele, institucional, dois olhos, fixados nos passageiros, e a mensagem:
— Assim como me vês, são visto todos os anúncios nesse veículo: Companhia de Anúncios em Bondes.

Tomavam-se outros remédios: Cebefosfan, Licor de Cacau Xavier, Pílulas de Vida do Dr. Ross, Cibalena, Emulsão Scott e Cafiaspirina.
Retornou do baile cansado, extenuado, tomou Vinho Reconstituinte Silva Araújo, além de descansar na Cama Patente, num confortável Colchão Probel. Levantou com sede? Água de moringa ou dos Filtros Salus.

Desceu e subiu no Tobogã? Desceu a serra, domingo foi ao litoral com o Expresso Zefir, no Pic Nic da Praia Grande com o ônibus da Breda. Viajou? Com a Panair, Real Transportes, Cruzeiro do Sul, e no “Darty Herald da Sadia”.

No meio da semana assistiam-se novelas: O Direito de Nascer, Redenção, Estúpido Cupido e Irmãos Coragem. Nos cinemas, filmes em 3ª. Dimensão. No Cine Metro, na Avenida São João, no Ipiranga, Santa Helena, Cine Mundi, Marabá, Art Palácio, Paissandu, Metro, Comodoro, Metrópole, Marrocos, todos no centro de São Paulo. O tempo passado, ficando mais velho, quase adulto, freqüenta-se o Cine Rivoli, já com ar condicionado, pianista antes da sessão e aromatizante no ar. No Brás, pertinho da Mooca o Cine Universo, com teto retrátil. Abria-se em noites claras e sentia-se o espaço celeste, cheio de luzes e estrelas. O Piratininga, o maior do Brasil, perto de 2000 lugares, além do Cine Gloria, na Rua do Gasômetro, ante-sala, bomboniere e poltronas estofadas, acompanhados de pipoca americana (caramelada, redonda e prensada) e chocolates Boleto (um casal de preto em posição de dança, numa embalagem vermelha). A cortina desse cinema era toda de cartazes de propaganda dos estabelecimentos da região e só se abria após o som do gongo.

No Cine Ouro, os homossexuais assediavam os espectadores sentados nas poltronas da primeira fila. Neste cine, Guerino Morais era o caçador de andróginos, vistoriava os banheiros, agachado, de revolver na cinta, ao perceber os movimentos das calças em “vai e vem”.

Na Mooca havia bons cinemas: Cine Aliança - localizado na Rua Visconde de Inhomirim, 756 -, na Rua Terezina, o Cine Bertioga. O Cine Imperial localizava-se na Rua da Mooca, 3430. Também situado na Rua da Mooca, no antigo número 380, estava o Cine Internacional – aproximadamente na esquina da Rua Marina Crespi. O Cine Moderno – localizado no antigo nº. 407 da Rua da Mooca, correspondente ao 2241 atual.

Outro cinema que ficava na Rua da Mooca, o ex-Cine Icaraí, depois Ouro Verde. Cine Patriarca, na Rua do Oratório, 830. Cine Roma, com duas entradas: Rua da Mooca/Alcântara Machado. Cine Safira, localizado na Rua do Hipódromo, entre as ruas João Caetano e Itajaí. Um dos mais antigos, inaugurado em 1912, o Cine São João, entre as ruas Visconde de Laguna e Iolanda.

O que mais me recordo é o Cine Santo Antonio – mais um na Rua da Mooca, no antigo número 99/101, correspondente ao número 547 atual. Assistia todos os domingos às chamadas matinês: dois filmes, desenho animado e fita em série, tudo numa só tarde. Guardo na minha retina as senhoras almoçando no intervalo das sessões, e nas narinas o odor ácido, mas agradável da murinhana (berinjela) à parmegiana, da alcachofra (na safra), e da porpeta com molho. Assisti a grandes filmes: Paixão de Cristo, Marcelino Pão e Vinho, La Violetera, Sangue e Areia, Ben-Hur, Tempos Modernos, Mil Léguas Submarinas, Volta ao Mundo em 80 Dias, com Mario Moreno, o “Cantinflas”.

Lembram do lanterninha?

Meus heróis continuam espalhando luzes nas minhas lembranças: Rock Lane, O Zorro, Tom Mix, Búfalo Bill, O Fantasma, Durango Kid, Roy Rogers. Eram os tempos de criança, da ingenuidade, da singeleza da infância. Jogar bolinha de gude, rodar pião, empinar pipa, brincar de mana mula, palha ou chumbo? Mãe da rua, o oculto troca-troca, e bater bola na rua com a molecada: jogar futebol.

De gorrinho? De meia? Meu amigo Zé Valente não usava, não havia número pra ele. Talvez por isso o apelido “Zé Cabeça”. E o goleiro de seu time, usava joelheira? A bola era de capotão, ensebava as chancas? Era alf direito, alf esquerdo ou center alf? Lembra do Pacaembu, da concha acústica, da estatua do David. Ouvia os jogos, no radinho Spicka.

Na Mooca havia o Parque Xangai. Lembram da boneca gorda, de uns três metros de altura, com uma bolsinha pendurada no braço, que dava gargalhadas, na entrada do parque? Uns a chamavam de Maria-Louca.

Ofereceu música pra alguém no parque ou na quermesse? E na festa junina escalou um pau de sebo? Teve um violão? Del Vechio ou Di Giorgio? E uma harmônica? Rampazzo! Seu sanfoneiro preferido era Sivuca? Mario Zan? Carlinhos Mafazolli? Ucho Gaeta, a Adelaide Chiozo, ou o Mario Genari Filho? E no cavaquinho, conheceu Valdir Azevedo ou Jacó do Bandolim?

O tempo passou, a saudade chegou! São doces lembranças, quebra-queijo, machadinho e as guloseimas do “Meleca”. Dos cigarrinhos de chocolate, do Toddy, Vic Maltema, Ovo Maltine e Arrozina. Na cozinha óleo Lino, Delícia ou Salada. Na costura a máquina Elgin, Vigoreli, ou Singer. A linha corrente, que também cortava a polenta de domingo, feita com Fubá Mimoso.

Para clarear as roupas brancas o alvejante com nome de galã de filme americano: Anil Colmann! Engomar as camisas Goma Pox. Brilho no alumínio Cito Pox. Sabão em pó? Rinso! Sabão em pedra Campeiro, Cristal, Solevante, Moreninha, Platino ou Vencedor. Usava colorau, Flit, Espiriteira, Detefon e Neocid para os insetos chatos. A mãe abanava fogão a lenha com tampa de panela? Ela moia toucinho para fazer banha, ou já utilizava a gordura de coco Brasil? Ceras Dominó, Parquetina, Fidalga. Passava escovão no assoalho, e usava ferro a carvão. E o congólio? O dicionário não traz.

Usou pulseirinha de cobre para reduzir a pressão. Lembra do Alvarenga, e Ranchinho? Jararaca e Ratinho? Os Titulares do Ritmo, Quatro Ases e Um Coringa, Bando da Lua, dupla Ouro e Prata, Wilma Bentivegna, Irmãs Galvão, Bob Nelson, Cascatinha e Inhana, Zé Fidelis, Pagano Sobrinho, Nho Totico, Nhá Barbina, Ivon Cury, Ciro Monteiro, Caco Velho, Nora Ney, Agostinho dos Santos, Altemar Dutra, João Dias, Mazzaropi, Francisco Alves, Fuzarca e Torresmo, Pimentinha e Arrelia, Piolim, Carequinha, Vicente Leporace, Enzo de Almeida Passos, Morais Sarmento, Henrique Lobo, Blota Junior, Sonia Ribeiro, Randal Juliano, Jota Sivestre, Regional do Rago, e do Zimbo Trio?

Lembra do Biriba, do tênis de mesa, e o pessoal do basquetebol, do bola ao cesto, Angelim, Sucar, Mosquito, Amaury Passos, Peninha, Pecente, Jatir, Algodão, Mindáugas, Vitor, Wlamir Marques, Ubiratan, do Rosa Branca e das vedetes.

Virginia Lane, Carmem Verônica, Luz Del Fuego, Mara Rubia, Sonia Mamede, Renata Fronzi e Marly Marley eram as preferidas. Lembro de quase tudo.

Recordo de tudo o que passei, dos primeiros tempos nos bairros em que nasci e me criei: o Brás e a Mooca, que representam muito para mim. Foi onde nasci, cresci, passei minha infância, adolescência e juventude, fiz muitos amigos e muitas saudades...

sexta-feira, 4 de março de 2011

A massacrante felicidade dos outros

A massacrante felicidade dos outros

Martha Medeiros

Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma..
Estamos todos no mesmo barco.
Há no ar um certo queixume sem razões muito claras.
Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem. De onde vem isso?
Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio
Cícero, uma música que dizia:
"Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento".
Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite.
É uma das características da juventude:
considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são - ou
aparentam ser.
Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.
As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é
infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias.
Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições,                                 não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora     não está tão animada assim.
Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde
coisíssima nenhuma.
Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar
pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente.
Sóque os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados.
Pra consumo externo, todos são belos, sexy’s, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores.
 "Nunca conheci quem tivesse levado porrada; todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo".
Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta..
Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil
mesmo achar que a vida da gente tem graça.
Mas tem.  Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia.
Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores?
Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige?
Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa?

Estarão mesmo todos realizando ummilhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé?...
Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista.
As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.

Felecidade realista

Felecidade realista
Mário Quintana

A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.

Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.

E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo.
Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito. É o que dá ver tanta televisão.
Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Ter um parceiro constante pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum.
Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.
Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo.
Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.
Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno.
Olhe para o relógio: hora de acordar É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente.
A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade.
Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo.
Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.
Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Romance reduzido

Romance reduzido

A rua se estendia à sua frente até desembocar numa pracinha bem cuidada como o são todas as pracinhas das pequenas cidades.do interior.Notou a loja de perfumes à sua direita. Lembrou-se de que passara em frente no dia anterior. Mas, no dia anterior não a
Bonita vendedora não estava à porta. Teria notado.. Morena, cabelos curtos e encaracolados, rosto redondo, grandes olhas escuros e boca carnuda, Era uma jovem miúda e de pernas bem torneadas. Rodolfo notou tudo isso num relancear de olhos. Pensou em lhe dirigir a palavra, mas tinha um problema a resolver: Fora para aquela cidade à procura de um tio, irmão da mãe, crendo que ess tio o receberia em sua casa durante os anos de faculdade. Tudo dera errado. O tio praticamente o escorraçou: ”Então quer dizer que a desmiolada da sua mãe achou que eu receberia em minha casa o seu filho bastardo?”
No momento em que notou a presença  vendedora estava descendo a rua na esperança de encontrar uma república de estudantes ou uma pensão onde pudesse se abrigar.. Desalentado por não ter encontrado nada, voltava sobre seus passos. A vendedora continuava à porta. Cumprimentou-a:
Boa tarde, senhorita!
Boa tarde! A jovem tinha o sotaque arrastado de quem vive na roça. Você é forasteiro, não?
Como sabe?
É o seu jeito: diferente do pessoal daqui.
Vim para estudar na cidade vizinha e estou à procura de um lugar para morar. Que não seja caro.
Pensei em ficar na casa de um tio que mora aqui, mas ele não permitiu.
aposto que sei quem é o seu tio. Deve ser o “seo” Josias. Velho intragável. Não se dá com ninguém, parece que tem o rei na barriga.
Mas acho que posso te ajudar. Minha mãe aluga quartos. Passe por aqui no final da tarde.
Recebeu-os uma senhora baixinha, um pouco gorda, afável e com cara de mãe.
A pensão era como todas as outras: horário para entrar à noite e macarronada com frango assado e maionese de batas aos domingos.. Na semana, arroz, feijão, salada e alguma carne.
Rosinha esse era o nome da vendedora de perfumessaia cedo para o trabalho. Rodolfo, que também saia cedo para a faculdade, quase não a via..
Rosinha tinha um noivo, caixeiro viajante que a visitava nos finais de semana. O casamento estava marcado para dali a seis meses. A família o tinha em alta conta:”Respeitador”, dizia a mãe. “Trabalhador” dizia o pai. Conheciam-se desde crianças, tinham freqüentado a escola primária juntos. Ele, depois de adulto fora morar em outra cidade e ninguém sabia ao certo como vivia. Quando aparecia aos domingos sempre alegava falta de tempo. E muito trabalho. E assim ia passando o tempo até que o pai dela o encostou na parede. Aí marcaram a data.
Num belo domingo o noivo não apareceu. Passou a hora do almoço, passou a hora do lanche e nada do noivo aparecer.. Rosinha pôs-se a chorar desesperadamente. A Rodolfo pareceu que o choro era desmedido. A jovem nunca lhe parecera muito apaixonada pelo noivo. Parecia-lhe que era mais pressão da família.
A mãe chamou Rosinha para conversar. Bem, o caixeirinho não era assim tão respeitador quanto a mãe imaginava e Rosinha não era tão inocente quanto o pai gostaria. Grávida. E em uma cidade pequena.
Rodolfo havia perdido o pai aos dez anos. Três meses atrás morrera-lhe a mãe. Não tinha nenhum outro parente.
Sim. Porque não? Afinal, o que é que teria a perder?